O Vaqueiro aboiador
Homem símbolo do sertão
Apresenta sua indumentária
Cavalo, chapéu, perneira e gibão
Vivendo sua sina contraria
Como corte de navalha
Que penetra e não falha
No calor de uma fornalha
Do couro tira a malha
Construindo seu artefato
Um legítimo artesanato
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No cenário dos privilégios
Revela os mistérios
Do sertão cantador
Dádiva do nosso Senhor
No meio da alegria e da dor
Impõe seu canto promissor
Honras de um Vaqueiro cantador
O verdadeiro Vaqueiro aboiador
Preza á Deus obediência
Nos tons de continência
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Honra por clemência
Ao Deus da existência
Descreve os enredos
Mediante os medos
Que o Sertão vive a mostrar
Carece diagnosticar
Jamais financiar
A prática de enganar
O Vaqueiro desobediente
Não teme o Deus onipotente
( 3 )
Só vive a mandigar
No meio da falcatrua
Que Deus o desconstrua
No ato de fiscalizar
Nosso Deus é Criador
Também o cumpridor
Das coisas dessa Terra
Não convém criar guerra
Por causa de poder
Muito menos a Deus desobedecer
( 4 )
Valorizamos essa linda cultura
Exposta na realidade
De uma sociedade
Que preserva ao longo do tempo
O período do descobrimento
Vestígios de uma conjuntura
O universo da profissão
Por meio de uma manifestação
Cultural e religiosa
Na forma de verso e prosa
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Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.