Cabra do norte
O cabra do norte
Um viajante sem passaporte
Sempre entregue a própria sorte
Livrando do vale da sombra morte
Em encantos de menina
Segue a sua própria sina
( 1 )
No começo da matina
Não larga a carabina
O norte é sertão perigoso
Lá tem boi misterioso
Tem causo horroroso
Cabra de peito honroso
( 2 )
Sujeito muito cismado
É um cabra afamado
Eita bicho danado
Nesse sertão abandonado
Sertão dos encantos da luz
Onde o cabra vive seu Cristo Jesus
( 3 )
Seguindo o caminho que o conduz
Temendo o nosso Deus da cruz
Terra dos cabras da lei
Onde um tora dois no meí
Os seus enredos me encantei
Nas suas histórias espelhei
( 4 )
Como dizia Guimarães Rosa
Em seus contos de prosa
Que virou mote e glosa
Mistura de cravo com rosa
Deus tinha que vim armado
Para acertar o bicho danado
( 5 )
Que tem laços do pecado
Estou falando do diabo
Os seus dias estão contados
Para a alegria dos resgatados
Muitos serão condenados
Por não largarem os seus pecados
( 6 )
Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.