Episódio de hoje: “Jararaca reclama da fome no Sertão”
Jararaca: Capitão?
Lampião: O que foi Jararaca.
Jararaca: Será por que tem tanta gente passando fome no Sertão?
Lampião: E eu que vou saber Jararaca.
Jararaca: Capitão?
Lampião: Fala Jararaca.
Jararaca: Esses dias eu estava pesquisando na internet e fiquei sabendo que no Brasil existem 50 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza.
Lampião: E o que eu tenho haver com isso Jararaca?
Jararaca: Pois é Capitão se é verdade eu não sei, mais não duvido não. Só aqui no Sertão tem um monte de gente que passa o dia ‘ínterim’ sem ter nada pra comer.
Jararaca: O senhor não tem pena dessa gente não Capitão?
Lampião: Se eu tenho pena? Deixa de ser besta Jararaca primeiro que da comida pros pobres não é função minha é função do governo.
Lampião: E olha que nós já ajudamos demais esse povo, tudo o que agente rouba dos coronéis nós reparte com o povo.
Jararaca: Pois é Capitão.
Lampião: Sabe duma coisa Jararaca?
Jararaca: De que Capitão?
Lampião: Sabe de quem é a culpa de tudo isso?
Jararaca: De quem Capitão?
Lampião: Do próprio povo. Esse povo abestado continua votando nesse bando de políticos safados que só sabe enganar a população.
Lampião: Pois entra ano e sai ano eles ficam cada vez mais ricos e o pobre cada vez mais pobre.
Lampião: Sabe de uma coisa Jararaca?
Jararaca: O que Capitão?
Lampião: Só vai acabar essa pobreza no Sertão o dia que eu assaltar os cofres da União.
Jararaca: Mais isso é muito perigoso Capitão.
Lampião: Perigoso é agente ficar aqui parado assistindo esse monte de gente passando fome.
Lampião: E trate de reforçar nossos cabras que antes vamos saquear a bolsa de valores de São Paulo.
Jararaca: Eita... O Capitão endoidou de vez.
Lampião: Pois vou mostrar pra esse pessoal quem é que dá as cartas por aqui e depois vou soltar esses corruptos tudo na ‘catinga’ pra eles aprenderem como que é a vida no Sertão.
Jararaca: Capitão? O senhor não tem medo de ser preso pelo Presidente Capitão não?
Lampião: Mas tu é um jegue mesmo Jararaca.
Lampião: Aquele lá não espanta nem muriçoca. Da ultima vez que ele veio aqui deixei ele de cueca no meio do Sertão.
Lampião: E deixa de conversa mole Jararaca, reúna os cabras que partiremos hoje mesmo pra São Paulo e na volta passaremos em Brasília, pois preciso prestar contas com a União e vê se encontro político ladrão por lá.
Lampião: Pois vou mostrar pra essa cabroeira quem é que dita as regras no Sertão.
Jararaca: Já fiz tudo que tu pediu Capitão.
Lampião: Muito bem Jararaca, pois eu quero saber pra onde está indo o dinheiro usado pra alimentar o povo, pra essa cambada aprender respeitar o povo do Sertão.
Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.