O soldado, o poeta e o rei.

Em um reino tropical,

um Rei tirano e opressor,

apoiado por soldados,

espalhava seu terror.

A população carente,

sentia muito pavor.

 

Os soldados adestrados,

agiam com violência.

Oprimiam todo o povo,

sem ter dó e nem clemência.

Todos tão subjugados,

aceitavam a sentença.

 

Os que se rebelavam,

iam parar na prisão.

Sofriam muitas torturas,

e sem alimentação,

não duravam muito tempo.

triste sina meu irmão.

 

O clero bem conivente,

só aconselhava a orar.

"Ele tem poder divino,

nosso monarca no altar.

Repetia, sempre e sempre:

"Vamos em Deus confiar".

 

O povo tão iludido,

tinha jejum compulsório.

Só vivia em penitência,

na terra seu purgatório,

e tudo em nome de Deus.

Um sistema exploratório.

 

Os anos iam passando,

o Rei cada vez mais rico.

O clero bem abastado.

Muito cobre pro milico.

O povo passando fome.

De seu, só velho pinico.

 

De quando em vez o tirano,

promovia um festival.

Era tipo um cala boca,

chamado de carnaval.

Mas era só pão e circo,

enganação afinal.

 

Então chegou uma praga,

com a força de matar.

O Rei baixou um decreto:

"Podem todos se acalmar,

como veio vai embora".

O Bispo mandou rezar.

 

Muita gente foi morrendo,

os pobres, principalmente.

Então o Rei desdenhou,

e parecia um demente.

Oferecia sangria,

para um povo tão doente.

 

Promoveu Bobo da Corte,

para cuidar da saúde.

Mas a coisa piorou,

com tão errada atitude.

O Bobo que não sorria,

piorou tudo amiúde.

 

O reino muito abalado,

com muitas mortes e dor.

Via o seu Rei passear,

sem se abalar com terror.

Infame imitava a morte,

do seu povo sofredor.

 

Chegou no triste reinado,

um menestrel e poeta.

Recitou suas poesias,

com a força de um atleta,

falou bem da liberdade,

diversão, justiça e meta.

 

O povo desesperado,

logo não deu atenção.

Tinham outros interesses,

lutar por saúde e pão.

Mas o poeta insistente,

prosseguiu declamação.

 

No começo o soberano,

não ficou tão preocupado.

Também o clero aceitou,

o convidou pro bispado.

O soldado tão simplório,

se quer se fez de rogado.

 

Mas o povo despertou,

e começou a pensar.

Também falou da miséria,

tanta fome no lugar.

revoltas pipocaram,

tributo não quis pagar.

 

Então o Rei percebeu,

toda força do poeta.

Que tinha só sua pena,

também um corpo de asceta.

Mandou prender o bom vate,

sua língua era uma seta.

 

O Bispo desesperado,

computou o prejuízo.

Não recebia mais dízimos,

então perdeu o juízo.

Chegou falar em fogueira.

Disse o Gal bem indeciso:

 

"O melhor é fuzilar,

O poeta lá na praça.

Assim o povo sossega,

então acaba a arruaça".

O Rei rejeitou o plano,

mandou colocar mordaça.

 

Para o povo não ouvir,

do poeta a declamação.

Ele morto vira herói,

pode gerar confusão.

Mas uma idéia plantada,

tem a força de um vulcão.

 

O povo então acampou,

lá na frente do castelo.

E carregavam na mão:

Pá, foice e também martelo.

Os soldados partidários,

causaram grande flagelo.

 

Porém semente plantada,

é difícil de matar.

O povo sempre cantando,

mas alguns a declamar,

todos versos do poeta,

não parou mais de lutar.

 

Como o povo não cedia,

o Rei resolveu ceder.

Chamou o seu General,

melhor mesmo ele morrer.

Marque já execução,

povo vai retroceder.

 

O dia foi num domingo,

dia de missa e de feira.

Muitos estavam na praça,

gente sem eira nem beira.

Chegou então o poeta,

e foi grande a bagaceira.

 

O povo salvou o poeta,

o Bispo destituiu.

Então prendeu general.

O Rei covarde fugiu,

junto com sua Rainha.

Só então povo sorriu.

 

A população contente,

fez grande celebração.

Agradeceu ao poeta,

e tomou a decisão.

Colocá-lo como Rei.

O poeta disse não.

 

Todo poder vem do povo,

e ele deve comandar.

Com justiça e liberdade,

igualdade e bem estar.

E nada de privilégios,

para quem vai governar

 

O povo se organizou,

e elegeu um governante.

Que seria renovado,

numa data bem distante.

Mas se falhasse teria,

justiça bem atuante.

 

Acreditem meus amigos,

no poder de um menestrel.

Todo poeta tem força,

pra todos tiro chapéu.

O seu verso, sua espada,

pode fazer escarcéu.

 

Caminhem e cantem juntos.

Façam versos e poesia.

Defendam seus ideais,

também a democracia.

A luta não acabou,

sigam firmes, noite e dia.

 

Agora termino a história,

você acredite ou não.

Só não duvidem da força,

de um bom verso e da canção.

Um salve a todos poetas,

cantadores da nação.

Jessé Ojuara
Enviado por Jessé Ojuara em 26/01/2023
Reeditado em 30/01/2023
Código do texto: T7704427
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