DO QUE ME ADIANTARIA TER UM IMENSO IMPÉRIO E VER TANTA GENTE MORRER DE FOME?
JOEL MARINHO
Do que me adiantaria
Uma vida de sucesso
Se tivesse todo acesso
A tudo o que eu queria
Vendo um "irmão" morrer
Por não ter o que comer
Isso parte o coração
Se for assim pra ser rico
Não quero, já abdico
Não entro em contradição.
Prefiro viver feliz
Com o pouco que eu tenho
Da riqueza me abstenho
Se for pra ser infeliz
A glória pode ser boa
As olhos de uma pessoa
Que sempre teve bonança,
Mas a mim isso é farsa
Ver tanta gente em desgraça
Sem paz na desesperança.
Não existe algo pior
Que apanhar e passar fome
Isso mata qualquer homem
É algo de se dar dó
Eu digo porque passei
Fome na terra dos "reis"
Com a minha mãe, coitada
Dividindo um ovo em quatro
Eu chorava vendo o ato
Daquela cena danada.
Hoje tenho o que comer,
No entanto é muita luta
Sempre foi na força bruta
Tudo para não morrer
De um lado tanta riqueza
De outro imensa pobreza
É uma disparidade
Do que adiantaria
Eu viver com alegria
Vendo a fome por maldade?
Ser rico é uma tentação,
Pois digo, já fui tentado
Imagina ser bajulado
Ser centro da atenção,
Todavia, isso traria
A mim enorme agonia
Quando eu olhasse ao lado
Nos olhos de um irmão
Vendo a fome em sua mão
Me faria destronado.
Não, não sou contra a riqueza
Eu também quero fartura
Mas não dessa forma dura
De ver tamanha pobreza
É disso que estou falando
Não venha logo julgando
Me chamando de comunista
O que me faz passar mal
É não ter um social
Que nos traga paz a vista.
Dividir mais a riqueza
Com mais oportunidades
Onde nas comunidades
Tivessem comida à mesa
Será que é pedir demais?
Se for que eu fique pra trás
E não acumule tanto
Com certeza eu não queria
Ver a fome o prato do dia
E uma criança em pranto.
Passei fome e não me orgulho
Daquele tempo passado
Mamãe chorando de lado
Era feio aquele bagulho
Mais uma vez abdico,
Pois se for pra ficar rico
Ficar metido e "nojento"
Só quero o suficiente,
No entanto que eu seja gente
Vivendo em paz sem tormento.
Eu não troco a minha paz
Pela riqueza do mundo
Para ser um moribundo
Na solidão do meu cais
Pra viver representando
A todo mundo agradando
Para ter aprovação
Assim ser rico não dar
Quero ser feliz, brincar
E ter paz no coração.
Ter a vida sem viver
Sinceramente, não quero
Construir imenso império
Pela sede do poder
Sem poder ir a esquina
Nem levantar a cortina
Nesse teatro infernal
Se for para eu ter riqueza
E morrer na avareza
Afasta de mim esse mal!
Não sei qual o seu critério,
Mas o meu tenho traçado
Não quero morrer cercado
Por um enorme império
Quero morrer sossegado
Por meus amigos honrado
Dizendo, foi grande homem!
Do que me adiantaria
Ter fortuna em demasia
E ver gente morrer de fome?
Muito obrigado, poeta Jacó Filho pela leitura e interação no meu cordel, isso muito engrandece os meus singelos escritos!
AUTRUISMO POÉTICO
O meu mais valioso bem,
Com todo mundo divido,
Pois todos os textos tem,
O acesso permitido.
Resolvi que minha parte,
Faria em obras de arte,
Sem esconder de ninguém,
O que havia decidido,
O meu mais valioso bem,
Com todo mundo divido.