O Massacre de Vargem Bonita
Em um simples povoado
Pelas bandas do São Francisco
Tem um ato falado
Onde atrevo e me arrisco
Falando de um massacre
Massacre de Vargem Bonita
( 1 )
Quem atreveu a crer
Em Hoobin Hood do Sertão
Desceu á 7 palmos do chão
Essa foi à sina
Em pele de Nordestina
Da cidade de São Francisco
( 2 )
Extremo Norte-Mineiro
Nas bandas do Velho Chico
Onde viveu António Antunes de França
Esse era Bandoleiro
Vulgo António Dó
Quem metia banca
( 3 )
E arrochava o nó
Maquiando sua pobreza
Totalmente indefesa
Pelos Sertões da Bahia
Nessa melancolia
Desafiou toda autoridade
( 4 )
Da pacata cidade
O Justiceiro do Sertão
Gerou revolução
Fazendo de inimigo
E de poucos amigos
O tenente “Felão”
( 5 )
Seu conterrâneo
Pra quem é contemporâneo
Não sabe que essa afronta
Fez o povo de escudo
Pois não me iludo
Isso passou da conta
( 6 )
Briga de “macaco” e “cangaceiro”
Onde a polícia era corrupta
No Sertão desordeiro
Muita gente matuta
Pagou pelo salseiro
Defendo António Dó
( 7 )
Queimaram como pó
Pela não delação
Do paradeiro
Do famoso bandoleiro
A mando de “Felão”
Quase oitenta
( 8 )
Dentre eles inocentes
Receberam a sentença
Sendo queimados no Sertão
Um passado sem precedentes
De caos e revolução
Meados do Século XX
( 9 )
Onde justiça se fazia
Com as próprias mãos
Pois nunca defendia
O Nordestino do Sertão
Nesses versos que recria
António Dó e Felão
( 10 )
Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.