O Fuzil de Lampião
Nunca houve no Sertão
Objeto tão temido
Quanto o Fuzil de Lampião
Nunca fora destemido
Fazendo pacto com o “cão”
Botando terror e medo
Aos poderosos coronéis
Seguindo o enredo
Os acusando de infiéis
Perseguidores de sua família
( 1 )
E do povo do Sertão
Caindo na armadilha
Do Fuzil de Lampião
Esse fez revolução
Como Governador do Sertão
Assinou essa alcunha
E no Sertão impunha
Justiça com as próprias mãos
Dizendo ser defensor do povo
Onde todo mundo viu
( 2 )
Seus massacres com Fuzil
Vale a pena vê de novo
O cangaço no Sertão
Com o tema
O Fuzil de Lampião
Triste são as cenas
Causa até contradição
Na boca da população
Herói ou Bandido?
Um homem com Fuzil
( 3 )
Que o destino ruiu
O passado corrompido
Nas “catingas” do Sertão
Onde o domínio de poucos
Provocava ira de muitos
Nessa região
Eram Justiceiros loucos
Que tinha como intuito
Sujar as próprias mãos
Entre ouro e cobre
( 4 )
E lutar pelo direito do pobre
O poder apitava na justiça
Rico tinha privilégios
Sacrilégio
E se calar com a injustiça
Pois digo em versos meus
Injustiça nem eu
Tolero essa vergonha
Mentira enfadonha
É ser taxado de Justiceiro
( 5 )
Seqüestrando e roubando
Pelo Nordeste Brasileiro
Fico aqui me matutando
No espaço concedido
Pois herói não é Bandido
Bandido não é herói
Esse ultimo destrói
Com seu jeito corrompido
Dois lados têm a moeda
No Movimento do Cangaço
( 6 )
É enredo que não desenreda
Vive cheio de embaraço
Termino esse cordel
Pois entre o Inferno e Céu
O diabo fez laço
Com um monte de Cangaceiro
Das quebradas do Sertão
Ora Justiceiro, ora desordeiro
Onde laçou primeiro
O Fuzil Lampião
( 7 )
Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.