Lampião e seus cangaceiros
Vou embarcando nesse luzeiro
De Lampião e seus cangaceiros
No Nordeste Brasileiro
O cabra de Lampião
Nas andanças no Sertão
Recrutou Candeeiro, Colchete
Zé Baiano, Jararaca, Sabonete,
Zé Sereno, Barra Mansa,
Entre os cabras de confiança
Estavam Pinto Cego, Gavião,
( 1 )
Luiz Pedro, Sabino e Azulão
Vinte Cinco, Quinta Feira
António de Engracia e Saracura,
Faziam parte da cabroeira
Agindo na cara dura
Junto com João Mariano, Labareda,
Moreno, Durvinha e Silá,
E o cordel enreda
Pro lado de lá
Maria Bonita e Juriti,
( 2 )
A mulher do “Rei do Cangaço”
E lembro daqui
Este mundo de embaraço
Do inferno ao céu
E não tiro o chapéu
Pra Pitombeira, Vírgilio,
Manoel António, Balão e Xexeu,
Nem pra Jorge da Lú, Chá Preto
Elétrico, Chumbinho,
Pelo ato mal feito
( 3 )
Matando gente inocente
Igual passarinho
Como se fosse indigente
Distante do ninho
Catingueira, Criança, Lavandeira,
Pedra Roxa e Meia Noite,
A vida inteira
Não largavam o acoite
Gitirana, Peitica, Beija-Flor,
Zabelê e Cravo-Roxo,
( 4 )
Cabra que era frouxo
Sentia o peso da dor
Em pele de cobra
Estava Cascavel, Pinga Fogo,
Carrasco e Asa Branca
Mais o destino cobra
De quem brinca com fogo
Como se fosse criança,
Roxinho e Ventania,
Matavam por alegria
( 5 )
Como isca no anzol
Topa-Tudo, Rouxinol,
Relâmpago e Carrapicho,
Tiveram o descapricho
Junto com Mergulhão, Guerreiro,
Delicado, Vereda e Candieiro
Participando dos massacres
No Nordeste Brasileiro
Pra quê
Pinguim e Bem ti vi,
( 6 )
Cabras que nunca vi
Nesse conto do vigário
Tinha Limoeiro, Canário,
Bagaceira e Verônica
Parecia a turma da Mônica
Pagando de gracinha
De Percilia á Inacinha
Enedina á Eleonoura,
Era tanta mulher
Precisaria duma vassoura
( 7 )
Pra acabar com o migué
Pois nesse Cangaço
“Trabalhar ninguém quer”
No Cangaço de Lampião
Dos saqueadores do Sertão
“Tirou de rico
E deu pra pobre”
Eu me arrisco
Ajuntaram muito ouro e cobre
Fazendo aparência de nobre
( 8 )
De Dulce, Doralice e Moça
Eu prefiro uma aeromoça
Dentro do Avião
Nenêm, Cristina, Patrícia,
Pilão Deitado e Cacheado
Não teve pericia
Pra quem morreu matado
Zé Macaco, Zé Lião,
Amoroso Baliza, Bala Seca,
Rio Branco e Volta Seca
( 9 )
Nessa confusão
Uma certa cabroeira
Acabou com a brincadeira
Do Cabra de Lampião
Quando João Bezerra
Deu as caras no Sertão
Com o aspirante Ferreira
Lá se foi revolução
Dessa história Brasileira
O Cangaço do Sertão
Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.