Lampião em Mossoró
Sobre a cidade de Mossoró
Já vou arrochando o nó
Falando do meu Nordeste
E do tal cabra da peste
Virgulino Ferreira da Silva
O vulgo Lampião
Pra muita gente viva
O cabra botou fogo no Sertão
Com sua voz ativa
Armando contra a população
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No ano de 1927
O cabra pintou o sete
Ameaçou o prefeito de Mossoró
Sobrou até pros Coronéis
Pois sem piedade e dó
De roubar suas notas de reis
Almejando dinheiro na mão
Pois Mossoró crescia pela contramão
Com as lavouras de algodão
Que só aumentará a produção
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Nessa terra Nordesteira
E também algodoeira
Lampião entrou na cidade
Pois tinha mandado recado
Perante as autoridades
E com um comboio armado
De mais de 100 cabras
A contenda seria das brabas
O cabra logo insistiu
De saquear o Banco do Brasil
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Querendo quatrocentos mil
Contos de reis
Seqüestrando autoridades
Invadindo a cidade
Sem autorização
Pois agia no desgoverno
De jamais respeitar o governo
No caso propôs Lampião
Exigir libertação
Só com o dinheiro na mão
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A vista do Cangaceiro
Que no ato desordeiro
Pediu 21 mil contos reis
Pelo seqüestro de Antonio Gurgel
E Jaime Fernandes Guedes
Exigindo tirar 400 mil reis
Ameaçando o Coronel
E invadir o Banco da cidade
Com a cidade sem autoridade
Coube a população
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Acabar com a audácia de Lampião
Desafiando o cangaceiro
No seu ato desordeiro
Querendo arrancar o dinheiro
Que movia aquela cidade
Resolvendo bancar de autoridade
No confronto armado
Muito conhecido no Sertão
Ficando registrado
A derrota do bando de Lampião
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Pois a população se armou
Com Lampião e o seu bando
Totalmente sem comando
Logo se escorraçou
Da cidade de Mossoró
O povo ali arrochou o nó
Desafiando o cabra maior
O tal governador do Sertão
Ficaram todos sem reação
Seguindo o rumo e mudando curva
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Temendo levar uma surra
No meio do Sertão
E aqui termino o cordel
De Lampião em Mossoró
Como poeta menestrel
No Cangaço que virou pó
Por uma população
Que não teve dó
Da bandidagem no Sertão
Derrotando o Cangaço de Lampião
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Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.