CORDEL – Mote:
O meu riso não morreu - Apenas parou de rir
Zédio Alvarez & Ansilgus
Oitavas de sete sílabas poéticas em 10 estrofes
Rimas em ABABCDCD
Zédio Alvarez
(1)
Nessa vida de tristeza
Preciso ter alegria
Com o ar da natureza
Livrai-nos dessa agonia
Ninguém rir com riso meu
Paro para refletir
O meu riso não morreu
Apenas parou de rir
(2)
Depois d’uma primavera
Está chegando o verão
Como não estou perto dela
Fiquei com a solidão
Era amor já pereceu
Eu vou embora daqui
O meu riso não morreu
Apenas parou de rir
(3)
Vou dar a volta por cima
Eu tenho que esquecer
Se fico c’outra menina
Eu vou voltar a viver
O problema é só meu
Eu tenho que definir
O meu riso não morreu
Apenas parou de rir
(4)
N’outros rumos vou andar
Par’encontrar outra flor
N’outras trilhas devo achar
Pode vir um novo amor
A esperança apareceu
Novos dias vão surgir
O meu riso não morreu
Apenas parou de rir
(5)
Sendo outra Margarida
Verbena, Cactos ou Lis
Tenho minha preferida
Com ela serei feliz
Um lindo dia amanheceu
Algo da flor eu senti
O meu riso não morreu
Apenas parou de rir
(6)
Os rostos vivem dos risos
Se a tristeza nos afronta
Com cara de poucos amigos
Não vamos fazer de conta
O povo ainda não morreu
Se vivo porque nasci
O meu riso não morreu
Apenas parou de rir
(7)
Sofremos graves censuras
De um poder que repele
Poderá haver rupturas
Por ter que fazer um “ELE”
Brasil é de nós, meu e seu
Daqui eu não vou fugir
O meu riso não morreu
Apenas parou de rir
(8)
Falaram “perdeu Mané”
D’uma livre expressão
Sou um cristão tenho fé
Se mandarem pra prisão
Cala a boca fariseu!
Luto antes de partir
O meu riso não morreu
Apenas parou de rir
(9)
D’umas mentiras d’alguém
Plantadas na tal imprensa
Não vamos virar reféns
O povo não faz ofensa
Carta Magna derreteu
País sem lei e sem porvir
O meu riso não morreu
Apenas parou de rir
(10)
Uma fraca jornalista
Falou que “o choro é livre”
Ela diz ser comunista
Toda cheia de fetiche
A dama no seu apogeu
Segue o barbudo vizir
O meu riso não morreu
Apenas parou de rir
Mestre Ansilgus
(01)
Minha graça padeceu
Minha vida se acabou
Tudo então virou um breu
Até meu sonho levou
Ninguém até agora creu
Os incautos podem vir
O meu riso não morreu
Apenas parou de rir
(02)
Pois essa situação
Porque passa este país
Só com auxílio do cão
Vamos ficar infeliz
Veja aqui se inda não leu
Você pode decidir
O meu riso não morreu
Apenas parou de rir
(03)
Estão mudando de tudo
Desmanchando meu país
Com decreto cabeludo
Foi assim que você quis!
Até o “pobre” escafedeu
Para o Céu queria ir
O meu riso não morreu
Apenas parou de rir
(04)
Tem vez para todo mundo
Que sabe o ELE manejar
Para um governo fecundo
Com todos a trabalhar
O olho grande cresceu
É muita gente a fingir
O meu riso não morreu
Apenas parou de rir
(05)
São trinta e sete ministros
Afora secretarias
Segundo nossos registros
Essas pastas são sombrias
O direito se rompeu
Ninguém do bem pode agir
O meu riso não morreu
Apenas parou de rir
(06)
E assim voltam os antigos
Que fizeram as besteiras
Foram poucos os castigos
Nessas hostes brasileiras
O meu coração tremeu
Somar e não dividir
O meu riso não morreu
Apenas parou de rir
(07)
Do povo a sabedoria
Que foi dada por Jesus
Que não se tenha anarquia
E dele tenhamos luz
Eu sou um pobre plebeu
Com vontade de partir
O meu riso não morreu
Apenas parou de rir
(08)
Tem gente que inda acredita
Na mudança que deseja
E disso então fica aflita
Não é possível não veja
Pois um lado enfraqueceu
Sua sina era ruir
O meu riso não morreu
Apenas parou de rir
(09)
Muita gente nos quartéis
Protestando a decisão
Mexeram com coronéis
O povo ficou na mão
E para a casa voltou
Sem poder de decidir
O meu riso não morreu
Apenas parou de rir
(10)
Foi apenas ilusão
Que passou pela cabeça
De gente na solidão
Agora cresça e apareça
Que a paciência esgotou
Pois o negócio é fugir
O meu riso não morreu
Apenas parou de rir