Petrolina

A cidade de Petrolina

No Sertão Pernambucano

Do poeta que faz rima

Poetiza todo o ano

Que Deus salve o São Francisco

As águas do Velho Chico

Que estão se acabando

Já vou aqui protestar

Construtivamente criticar

Total é o desmando

( 1 )

Que cortam os mananciais

Do Sertão aos carrascais

Pois aqui sou poeta

Já faço na linha reta

As escorias da poluição

Assolando o Sertão

Do Vale do São Francisco

Nessa situação de risco

Difícil é ficar parado

Vendo o São Francisco vitimado

( 2 )

A cidade de Petrolina

No Vale do São Francisco

Que no cordel que publico

É um porto do Sertão

Que no ato de navegar

O Saldanha Marinho era embarcação

Fez comboio e migração

Do Sertão pra outro lugar

Onde pescador vive a pescar

No Velho Chico a encantar

( 3 )

Do Sertão a beira mar

O comboio foi pro Sul

Como se fosse um anu

Com seu jeito de voar

Foi seguindo seu destino

Como todo Nordestino

Que deixa a terra pra migrar

Vai homem, mulher e menino

Num só mesmo desatino

De um dia poder voltar

( 4 )

A cidade de Petrolina

No Sertão do Nordeste

Que aqui faço rima

Com um cordel cabra da peste

Da cidade pioneira

Que produz cordel em feira

Seja na rua, ou no cinema

A poesia é o tema

É o mais lindo produto

Deste Sertão matuto

( 5 )

Pelas bandas do São Francisco

Quem domina é o cordel

Desde já eu cito

Que já sou um menestrel

Essa poesia é mais que uma religião

Pois exalta nosso Senhor

O criador do Sertão

A quem sou grato de favor

Por te me feito um autor

No ofício de escritor

( 6 )

A cidade de Petrolina

Terra dos grandes poetas

Com poesia que fascina

Feita na linha reta

Da essência Nordestina

De realidade concreta

Que constrói e desatina

Numa rima completa

Jamais abomina

Cumprindo a sua meta

( 7 )

Seguindo o menestrel

Da literatura de cordel

Compõe com maestria

Uma linda poesia

Virando até canção

Nas quebradas do Sertão

Nessa arte que fascina

A cidade de Petrolina

Com sua improvisação

Encanta a população

( 8 )

A cidade de Petrolina

É a beleza do Sertão

Que está em toda parte

Onde tudo desatina

Ressurgindo da função

Que constrói a sua arte

No campo da cultura

Poesia não é descarte

É um ato de postura

Que no o universo se reparte

( 9 )

Transformando-se em festival

Virando poesia em varal

Cativando a mente e a retina

Da criança Nordestina

Que logo se anima

Trançando a velha sina

De viver fazendo rima

Nessa arte que fascina

O soar da matina

Na cidade de Petrolina

( 10 )

A cidade de Petrolina

Do Rio dos Currais

Que se expande e desatina

Do Sertão aos Carrascais

Desde o período colonial

Faz tudo ser cultural

O espaço que se fez

Do vaqueiro do século XVI

Pelejando no espaço aberto

Do Nordeste sem cercas

( 11 )

Flagelado pelas secas

Totalmente coberto

Pela Caatinga retorcida

Fazendo sertanejo aprender

A tabuada da vida

Pois dava cansaço vê

Uma vida corrompida

Sem ter nada pra comer

Seguindo os requintes

Do Nordeste do século XX

( 12 )

A cidade de Petrolina

Onde a arte me fascina

Parece um destino escrito

No Sertão do São Francisco

Onde riqueza, cultura e arte

Estão por toda parte

Pois nessas quebradas do Sertão

Tem cabra fazendo cordel

No folheto de papel

Sobre o cabra de Lampião

( 13)

Não se avexe não

Muito menos tenha medo

Pois o cordel segue o enredo

Das histórias do Sertão

História que ficou pelo passado

De um cabra danado

E por adorar uma confusão

Foi temido no Sertão

Caiu na destruição

Fazendo pacto com o cão

( 14 )

A cidade de Petrolina

Do Pólo Petrolina-Juazeiro

Duas cidades Nordestinas

Na produção de frutas

No Sertão que é pioneiro

Com suas frutas tropicais

Ao sertanejo que luta

Do Sertão aos Carrascais

Vendo o ‘desenvolvimento’ que insulta

Os nossos mananciais

( 15 )

Onde o alimento natural

Dá lugar ao artificial

No raciocínio lógico

Do veneno ao agrotóxico

No ramo do agronegócio

Isso vira um mau negócio

É um reagente

Ameaçando muita gente

Aqui pelas bandas do norte

Já causou até morte

( 16 )

A cidade de Petrolina

É conhecida como Califórnia Sertaneja

Sua beleza fascina

Todo aquele que deseja

Vê encantos de beleza

Logo presta gentileza

Depara-se com o São Francisco

Aclamando o Velho Chico

Vendo a água respinga

No meio da Caatinga

( 17 )

Da mata seca retorcida

Florescendo na paisagem

Totalmente ressequida

É a chuva devolvendo folhagem

Rebrotando nova vida

Anunciando a estação

Que vem chegando ao Sertão

Vai se embora a sequidão

Vem a chuva traçando o plano

De uma nova estação do ano

( 18 )

A cidade de Petrolina

Na poesia que rima

É a capital do São Francisco

De acordo com o matuto

Do Sertão do Pernambuco

Por ter seu senso crítico

Defende o seu lugar

Conhece todos os atalhos do Sertão

Resiste diante da sequidão

É a forma de habitar

( 19 )

Do matuto do Sertão

Símbolo da topofília

Da relação homem e lugar

Isso a natureza cria

Pois os enredos da região

É difícil desenredar

A quem diga a vegetação

Que da chuva vem brotar

É o fruto da criação

Que Deus resolve criar

( 20 )

A cidade de Petrolina

Para a sociedade matuta

É a capital das frutas

Na beleza que fascina

No meio do Sertão

Na peleja e na luta

Vem o campo da labuta

Vento sopra a vegetação

É período de produção

Sertanejo vive a criar

( 21 )

Tem laranja, manga e melão

Tem xique-xique a balançar

Nas quebradas do Sertão

No correr da estação

Mandacaru a encantar

Em meio à produção

Seja fruta ou vegetação

No Sertão a frutificar

Todo fruto que brota do chão

É fruto da Criação

( 22 )

A cidade de Petrolina

Das rotas de passagem

Do Vele do São Francisco

Cortando rio acima

As belas paisagens

Nas bandas do Velho Chico

Era tanta dispersão

Do camponês do Sertão

Do Piauí, Pernambuco e Ceará

No Sertão a adentrar

( 23 )

As bandas da Bahia

Aonde o destino os conduzia

Para outro lugar

Sem qualquer descaminho

Onde o São Francisco era o caminho

O berço da migração

Do camponês do Sertão

Num Nordeste histórico

Muitas vezes melancólico

Por causa da sequidão

( 24 )

A cidade de Petrolina

Do Mandonismo Carismático

Seguindo a velha sina

Da herança Nordestina

Do Regime Aristocrático

Dos mandões do São Francisco

Tão grande era o risco

Viver pelos Sertões

De Minas, Bahia e Pernambuco

Que em certas ocasiões

( 25 )

A morte era lucro

Onde a vida era uma sina

Pro sertanejo matuto

No duelo com a carabina

Ou no combate com a lazarina

A maldade que contamina

Desafiou até o céu

Onde o cangaceiro e o coronel

Sentiram o gosto amargo do fel

Escrito num folheto de cordel

( 26 )

A cidade de Petrolina

É onde uma simples menina

Que a poesia contamina

E no entoar de uma brisa

Vira uma grande poetiza

Da Literatura de Cordel

Intitula-se menestrel

Vivendo o universo profundo

Da poesia em papel

Que encanta todo mundo

( 27 )

Possui a simplicidade

Nasce nos cantos da cidade

Busca afinidade

Ao leitor que tem liberdade

Em seu universo flutuar

Nos passos da poesia popular

E com o tempo se encantar

Com tamanha produção

Tem coisas pra contar

Das quebradas do Sertão

( 28 )

A cidade de Petrolina

Se falando de clima

Tudo fica semi-árido

Fenômeno que é consumado

Na imensidão da natureza

Descrevendo a beleza

Da chuva que respinga

No meio da Caatinga

Bioma aqui formado

Que por Deus foi criado

( 29 )

Em meio à depressão sertaneja

Do Vale do São Francisco

Onde toda pessoa almeja

Águas do Velho Chico

Tem a regra do viver

Tem a água pra beber

Da fonte de inspiração

Que resiste em sobreviver

Nos períodos de sequidão

Tangentes pelo Sertão

( 30 )

A cidade de Petrolina

É uma cidade Nordestina

Que é pioneira

Na Literatura de Cordel

E da Cultura Popular

Essa foi à maneira

Do poeta menestrel

Seu cordel apresentar

A Cultura Nordestina

Da cidade de Petrolina

( 31 )

Cultura que está em todo lugar

E se tratando de rima

Sertanejo vive a rimar

Seja Petrolina no Pernambuco

Seja todo matuto

Daqui ao Ceará

Seja de geração a geração

Ou no espaço da vegetação

Sertanejo vive a resgatar

As histórias do Sertão

( 32 )

Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.

Moisés Aboiador
Enviado por Moisés Aboiador em 06/01/2023
Código do texto: T7688592
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