Pirapora
Pirapora é uma típica cidade
Das bandas do Velho Chico
Que tem por atividade
Ser o porto do São Francisco
Assim como Petrolina e Juazeiro
A navegação chegou por lá primeiro
É uma imensidão sem fim
O São Francisco é morada de surubim
Que aqui faço menção
Ao famoso peixe do Sertão
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Que segundo boatos concretos
Pode chegar até dois metros
De tamanho e comprimento
Seguindo o alinhamento
Do Sertão navegável
Essa informação é confiável
Pelas bandas do São Francisco
Pois esse peixe ao qual indico
Não tem em outro lugar
Do Sertão a beira mar
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Pirapora foi o desembarque das migrações
Que deixavam os Sertões
Embarcando no Benjamim Guimarães
Como foi no Saldanha Marinho
Onde filhos, pais e mães
Traçavam novos caminhos
Pegando linhas de ônibus
No sentimento que reluz
Na esperança de uma nova vida
Na peleja e na lida
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De abandonar sua geratriz
Com destino ao sul do país
Sem deixar seu costume natal
Diante da vida corrida na capital
Nesse fato costumeiro
Do Nordeste Brasileiro
Pirapora era o lugar
Onde o São Francisco não secava
No ato de encantar
Lá pelo mar se findava
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E hoje até no seu leito
O cabra consegue atravessar
Andando a pé
Pois a nado não dá
Por causa de gente rale
Que o Sertão vive a degradar
Matando peixes e vegetação
Exalando poluição
Pura falta de noção
Da ‘indústria’ e ‘agronegócio’
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Tenho pena de quem é sócio
Dessa condenação
Falo nesses versos meus
Que vão prestar contas com Deus
Por não ter um pingo de sentimento
Em demonstrar arrependimento
Acaba todo mundo se corroendo
Pelo mal que estão fazendo
A natureza que Deus deixou
E a cultura que por aqui se criou
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Pirapora era a terra
Onde o vapor Benjamin Guimarães
Era pousada do forró pé serra
Percorrendo os Sertões
Com sentido a Januária
Pelas águas do rio que chora
Correndo Sertão afora
Tinha cultura e culinária
Sertanejo arrochava o nó
Nas batidas do forró
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O ritmo continuava em Cabrobó
Só se findava pelas bandas do Xingó
Era um lugar que regia os sabores
Dos esforços feitos pelos pescadores
Com semblantes emocionados
Contentavam-se com os cardumes pescados
Mas o progresso não voa como anu
Muitos partiram para o Sul
A procura de trabalho
Vivendo o conto do vigário
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Onde a pesca se tornou imposição
Nas quebradas do Sertão
Difícil é viver sem investimento
Pela falta de desenvolvimento
De um Estado fraco de ação
Atiçando as escorias da corrupção
Pirapora é o Sertão viril
Rota da Estrada de Ferro Central do Brasil
Faço até alusão ao filme
Que o mundo inteiro viu
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Sobre histórias que oprime
O Nordeste do Brasil
Fazendo uma jovem criança
Virar órfão na infância
Depois de deixar o Sertão
Recebe o fardo da migração
E o peso de perder sua mãe
Nesse cordel que compõe
Versos em luzeiro
Sobre o Nordeste Brasileiro
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Pirapora é a cidade
Da Ponte Marechal Hermes
Que por causa da idade
Virou patrimônio histórico
Seguindo os passos firmes
De um ato simbólico
Nessa cidade centenária
Famosa por sua culinária
De moqueca de surubim
Deixando sertanejo afim
De saborear essa iguaria predileta
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No Sertão o povo faz a festa
É uma das mais conhecidas alimentação
Do matuto sertanejo
Das quebradas do Sertão
Do Vale do São Francisco
Parece até um desejo
Nesse cordel escrito
Pirapora é a cidade da cultura
E do grupo de xaxado Zabelê
Na história e a literatura
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É dança típica dos cangaceiros
Pois era forma de proceder
Desse bando de desordeiros
Quando terminava um combate
Um fato que ainda parte
Da revolução
Provocada pelo cangaceiro Lampião
Hoje é presente nas manifestações culturais
Sendo um meio de difusão
Nas cidades que formam a rota do cangaço
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Preservando as culturas locais
E a história desse movimento
Que tem a cultura como desenvolvimento
De inclusão social
Preservando a história local
A partir de Pirapora
O porto do São Francisco
Inspira poeta no manuscrito
Fazer verso toda hora
Seguindo a difusão
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Da cultura no Sertão
Fazendo história e cultura
Virar poesia pura
Apresentando a culinária
E a dança do cangaço
Não há reação contraria
Nesse cordel que faço
É o poeta do Vale do São Francisco
Fazendo da rima um compasso
Pelas bandas do Velho Chico
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Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.