Infância

Com o passar do tempo

Expresso o contentamento

Relato a importância

Dos meus tempos de infância

Sentimentos de menino

Que segue o seu destino

Em corpo de criança

Expressa saudosa lembrança

Do vale do Jequitaí

Onde começo a construí

( 1 )

Meu universo poético

No modo mais eclético

Que se possa imaginar

Haja livro pra contar

Tamanha satisfação

Do sentimento de gratidão

Da relação com o lugar

A topofilia pode contar

Esse mundo dianteiro

No Nordeste Brasileiro

( 2 )

Cantado no Brasil inteiro

Que encanta o estrangeiro

Procurando manifestar

Sua cultura popular

Resgato no tempo

Em forma de contentamento

A herança de um povoado

Em meio à caatinga e o cerrado

O autêntico pé de serra

Que aos poucos se encerra

( 3 )

Diante da lei do progresso

E das leis do universo

Neste cenário vivi

Com o tempo refleti

O mundo das brincadeiras

Nas diferentes bandeiras

Da construção de um legado

Que neste cordel é contado

Casas de pau – a – pique

No Sertão do xique – xique

( 4 )

Alembro as cifras sertanejas

Construída nas pelejas

Da identidade do lugar

Cabe aqui enfatizar

Pai era trabalhador e ordeiro

Um excêntrico sanfoneiro

Segundo os boatos

Diante dos fatos

O melhor da região

Não carece refutação

( 5 )

Nossa mãe uma guerreira

Nesta frase inteira

Relato a maneira

Dessa grande mulher sertaneja

Das peripécias de menino

No período matutino

Juntando amigos e primos

No universo dos destinos

Avisto o cachorro jolí

Velho companheiro

( 6 )

Nesse Sertão medianeiro

Hoje não está entre nós

Encontra-se distante daqui

Na literatura de cordel

Jolí mora no céu

Os lindos pés de jabuticaba

Na imensidão de nunca acaba

Confrontando o quase centenário

Troncudo pé de imburana

Que até a idade engana

( 7 )

Carece de inventário

Festas de forró pé de serra

Herança dessa terra

No tocar da cantoria

Era de imensa alegria

Ver o tanger do gado

No universo sagrado

Do vaqueiro comboieiro

No Nordeste Brasileiro

A velha escola do Mobral

( 8 )

E o processo educacional

Na construção nacional

Do simples conhecimento

Falo com contentamento

Melhor que escola de capital

No Major Cipriano de Medeiros

Nome dado a sujeitos ordeiros

Nossa mãe era professora

Sabia e batalhadora

Na cultura do ofício

( 9 )

Honrava o compromisso

Do ensino de resistência

Tinha muita paciência

Com as colegas de profissão

Ditava as regras da educação

Pouco estudei no Mobral

Embora estudando na cidade

Presto fidelidade

A esse ensino magistral

A vida gira nos manuscritos

( 10 )

De vários livros escritos

Simboliza um pé de laranjeira

Fincada no povoado

Resistindo o passado

Contrasta com a mangueira

Plantada no seio de uma cidade

Um sinal de fidelidade

Da relação homem e lugar

Jamais pode findar

Lembranças dos roçados e porteiras

Descrito no povoado de Pitombeiras

( 11 )

Moisés Aboiador Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.

Moisés Aboiador
Enviado por Moisés Aboiador em 25/12/2022
Reeditado em 29/12/2022
Código do texto: T7679399
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