Seca no Nordeste

O ano era 2018

Pois vi o Sertão afoito

Com a seca que chegou

Tanto Rio que secou

Não está no gibi

E conto as léguas daqui

Pois o homem só sabe destruir

O verde da vegetação

E a sociedade reclamar

Quanta poeira e poluição

( 1 )

Pois do Sertão a Beira-Mar

Tem muita gente sem noção

Bancando de realeza

Destruindo a natureza

Age como se fosse um “deus”

Seja Cristão ou Ateu

O Universo não é meu e nem seu

Tudo isso aqui é de Deus

O homem tem a riqueza nos planos

Mas Deus continua soberano

( 2 )

Soberano pra nos fazer suportar

Um ano de seca nesse lugar

No dialeto popular

Casamento de viúva

É esperar um ano pela chuva

2018 quase não choveu

O Sertão se entristeceu

Com Natal e Ano Novo

Sem chuva por aqui

Imagina a minha Jequitaí

( 3 )

E todo aquele povo

Naquele torrão ressecado

Com jurema e alastrado

Quando tem palma e mandacaru

Gado come cru

Na resistência do Sertão

O Nordestino é um forte

Um Cabra do norte

Contra a seca no Sertão

As coisas só estão assim

( 4 )

Por causa de tanta destruição

E desrespeito com o povo do Sertão

Pois pra fazer maldade assim

Só tendo pacto com o `cão´

Pois digo mais

Do Sertão de Minas Gerais

Vou até o Maranhão

Descrevendo o Sertão

Com poesia popular

Pois essa seca

( 5 )

Invadiu currais e cercas

Do Sertão do Ceará

Chegando a léguas dali

No Sertão do Piauí

Atravessando os planos

Do Sertão Pernambucano

Pois a seca no Sertão

Gerou pobreza no Maranhão

Atingiu até matuto forte

No Rio Grande do Norte

( 6 )

Descendo pra Paraíba

De gente de muita fibra

De Mulher Macho sim sinhô

Seja na alegria ou na dor

Matuto queima no sol

E nunca perde a cor

Pega peixe no anzol

Que sua isca fisgou

Seca que durou o ano

Lá no solo Sergipano

( 7 )

Ela veio cedo no Sertão

Como um cupim de asa voa

Pelas bandas das alagoas

Com sol quente e noite fria

Tomou o Sertão da Bahia

Saldo negativo

É assistir de olho vivo

Gado morrendo de sede

E fome por falta do verde

Enquanto o camponês do Sertão

( 8 )

Perde toda plantação

Pois no cordel que faço

O Sertão perdeu espaço

Para o desenvolvimento insustentável

Do agronegócio

Nesse consorcio

Tem plantação de eucalipto

Sugando a água do solo

Essa cultura desenvolve

Mais não devolve

( 9 )

Aquilo que retirou da natureza

Hoje quem banca de realeza

É agricultura irrigada

Como ninguém que nada

Ela produz muito

Soja, feijão, uva e melão

Mais faz muito matuto

Plantar veneno no chão

Deixando o mundo em pânico

Sem produto orgânico

( 10 )

As indústrias e mineradoras

Também são as autoras

Da poluição que está aqui

Deus salve o Velho Chico

Pois não quero mais assisti

Salve os mariscos

E tire esse chorume daqui

Pois não me arrisco

Grande é o risco

Esse mal pode destruir

( 11 )

Toda essa beleza

Cortando do Sertão ao Mar

Se o homem a natureza

Continuar a degradar

Pois nesse ato improvável

A solução provável

É o desenvolvimento sustentável

Que é o mais confiável

Para futura geração

No desenvolvimento do Sertão

( 12 )

Autor: Moisés Aboiador Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.

Moisés Aboiador
Enviado por Moisés Aboiador em 25/12/2022
Reeditado em 26/12/2022
Código do texto: T7679394
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