O umbuzeiro
Muitas vezes pensamos que não se pode tirar muito coisa de uma arvore... fiquei matutando o dia inteiro..para ver o que eu conseguiria tirar de um pé de umbuzeiro...a relação entre o tempo, homem e espaço define muito bem o que é ser poeta no Nordeste Brasileiro..
Viva o umbuzeiro
Que encanta o desfiladeiro
Das quebradas do sertão
Distorce a contramão
Do mundo globalizado
Pelo homem implantado
Umbuzeiro, essência florida
Da caatinga retorcida
Dele não se paga tributo
Produz o seu fruto
( 1 )
Na estação própria
Não há reação imprópria
Que preza tamanha estranheza
A reação da natureza
Deus foi generoso
No seu ato milagroso
Criou o símbolo do Sertão
Florescendo a estação
No Sertão da esperança
Regrado á bonança
( 2 )
Onde simplicidade e humildade
Preza caráter e identidade
Do homem com seu espaço
Nos contos da poesia, o cordel faço
As honrarias do lugar
Atendendo o desejo
De um simples sertanejo
Que ver no umbuzeiro
O retrato do tabuleiro
Símbolo dianteiro
( 3 )
Do Nordeste Brasileiro
Umbu, fruto comestível
No sertão é acessível
A toda população
Alimento principal
Do reino animal
Frutos e folhas no desfiladeiro
Alimentando boi marrueiro
Que na sua sombra faz morada
O sertão é camarada
( 4 )
Desse bicho resistente
De vigor consistente
O universo é convivente
Mas também é condizente
Carece aqui dizer
Com meus versos proceder
Não há efeito colateral
Diante ao descaso do reino animal
Assim como sentimento de gente
Que na Terra faz presente
( 5 )
Não é arrependimento
Dizer que, um boi tem sentimento
Sentimento tão irradiante
Parece diamante lapidado
No seu processo delicado
Só é bem domado
Quando o domador é educado
As belezas naturais
Culminando em manifestações culturais
Neste sertão de reduto
( 6 )
Onde poesia não é tributo
Que se paga no governo
Simplesmente atende o desejo
De um coração sertanejo
Onde o regime democrático é enfermo
A fisionomia de uma árvore
Mesmo que apavore
E espante as pessoas
São frases promissoras
Na construção de uma poesia
( 7 )
Atendendo a sintonia
Na criação de um repente
Nesse fato coincidente
Ate um umbuzeiro
É insistente
Na divulgação da literatura
Em poesia pura
Não há quem desfrute
E deleite
Uma umbuzada ao leite
( 8 )
Caso contrário, use de enfeite
Prestando gentileza
De coloca- lo na mesa
Não carece visitação
Diante da ocasião
Tem festa de apartação
O umbuzeiro assiste o cenário
Costumes do Sertão libertário
Promovendo noites enluaradas
Com suas vaquejadas
( 9 )
O gibão é aparato
Das pegas de boi no mato
Na luz do candeeiro
O sertão é forrozeiro
Como menino mexeriqueiro
Do Nordeste Brasileiro
No ato faceiro
Banca de arteiro
Na criação desse cordel inteiro
O artista é o pé de umbuzeiro
( 10 )
(Moisés Aboiador Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas)