Velho Chico

Em comemoração ao aniversário do Rio da Integração Nacional. O primeiro a ser descoberto, berço da migração Nordestina para parte do sul do país.

Peco a Deus inspiração

Pra fazer mais um cordel

Nas quebradas do Sertão

Do poeta menestrel

Para o Rio da Integração

Minha frase é completa

Velho Chico é um poeta

Com corredeiras a descer

Inspira-me a escrever

Que já virou tradição

( 1 )

Falar sobre o Sertão

Do Velho Chico meu poeta

Que me da inspiração

Fazendo poesia

Atingindo minha meta

Com português, rima e métrica

E toques de maestria

Atingindo a linha reta

Apagando a melancolia

Da realidade concreta

( 2 )

Da liberdade de expressão

Defendendo esse rio

Que parece um fio

Cortando o Sertão

Do Sul ao Norte

Criando recorte

Fazendo integração

Sou matuto do norte

Minha personalidade é forte

Quanta poluição,

( 3 )

Degradação e desmatamento

Desse jeito não agüento

É tanta degradação

Uma falta de respeito

Com Rio da Integração

Esse é o meu jeito

Pois bato no peito

Velho Chico é um poeta

Resistindo um Estado sem ação

Matando a sede no Sertão

( 4 )

A água vem primeiro

Pro matuto barranqueiro

O homem pescador

Que matou sua sede

Lançou sua rede

E o peixe pegou

Nas bandas de Pirapora

Onde o São Francisco chora

Vivendo pedras de solidão

Com a seca no Sertão

( 5 )

Vou seguindo essa rima

Na capital da irrigação

Na cidade de Petrolina

Do matuto catingueiro

Que nasceu no Sertão

O tem o passo ligeiro

De menino mexeriqueiro

Que pisou no cansanção

Na Caatinga se soltou

E frutos de cactos pegou

( 6 )

Da palma provou

Do sabor do Sertão

Bem perto daqui

Nas bandas do Jequitaí

Entre serras e boqueirão

Tem vaqueiro do Gibão

Esse é pioneiro

Abóia o dia inteiro

Fazendo dedicação

Ao São Francisco pioneiro

( 7 )

Nas bandas de Juazeiro

Pedindo a Deus Onipotente

Que brote uma semente

Acedendo a esperança

Contra essa lambança

Da falta de governança

Não sendo indiferente

Mais parece que tem gente

Jogando veneno na gente

Deixando o Sertão tóxico

( 8 )

Na base do agrotóxico

Já bastava o desmatamento,

Chorume e eucalipto

Falo e repito

Já está virando tormento

Se resolvesse o problema

Não teria esse dilema

Da falta de alimento

Na mesa do sertanejo

Que só tem desejo

( 9 )

Da boa alimentação

Enquanto isso sofre

Sem dinheiro no cofre

Mesmo com transposição

Falta revitalização

Na artéria aorta

O canal que transporta

O Velho Chico meu poeta

Pois faço na linha reta

Cordel no Sertão

Pois o cais de Januária

( 10 )

Não tem mais embarcação

Pois a rede flúviária

Acabou-se pelo Sertão

Acabando a melancolia

Segue com alegria

Sentido Manga, Juvenília

Rumo ao Sertão da Bahia

Não vou cair na pilha

Desse mundo invertido

Vendo Rio poluído

( 11 )

Lá em Santo Sé

Tem matuto de fé

Um sertanejo forte

Clamando pela sorte

Pelo tempo que vier

Conforme Deus quiser

Sem degradação

No Rio da Integração

Cortando morro a frente

Atingindo aquela gente

( 12 )

Sem causar nenhum risco

Em Belém do São Francisco

Entrando nas entranhas

Da cidade de Piranhas

Desaguando no mar

Pois falo e arrisco

Tem peixe com marisco

Que pescador vive a pescar

Mandando na linha reta

Salve o Velho Chico meu poeta

( 13 )

Autor: Moisés Aboiador Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.

Moisés Aboiador
Enviado por Moisés Aboiador em 14/12/2022
Código do texto: T7671448
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