Pesadelo na cozinha
Vou contar-lhe uma prosa
De algo que me aconteceu.
Meu marido estava doente,
Dessa vez era ele e eu.
Há vinte e dois anos
Ele é quem cuida de mim.
E durante a pandemia,
Ele doente ou não ,continuou assim.
Na volta dos que não foram,
Ele se contaminou,positivou covid
Não seu se foi ela ou não,
Sei que me pegou de jeito,no drible.
O teste que fiz deu negativo,
Então não sei o que tive.
Só sei que o meu marido ,
De mim cuidou,com covid ou sem covid.
Já saindo da quarentena,
Depois das oito da noite.
Nos bateu aquela fome,
Aquela que a gente não sabe o que come.
Então quiz fazer bonito
Ainda muito fraquinha ,
Mas querendo recompensar o zelo e o cuidado ,
Daquele cabra querido.
Me mandei lá pra cozinha
E fui fazer um cozido.
Pois bem,me alembrei da tapioca,
Que tinha na geladeira.
Pensei em juntar com ovo.
Fazendo uma crepioca,no pensamento fui ligeira.
Mas tem coisa na minha vida,
Que nem no cinema acontece.
O que vou te contar,é difice de acreditar,
Tu vai dizer:até parece.
Pois bem,peguei o farelo branco,
Juntei com ovo mexido.
O troço não se unia.
Pensei;será que ta vencido?ne pussive.
Vou bater mais um pouco,
E nada de dar liga,
O marido pergunta e o recheio?
Pensei;vai ser de vento com nada dentro.
Eeeiita,mas Deus é bom,
Me lembrei do franguinho,
Que tinha na geladeira,
Ligeiro peguei um alho,um tomate e uma cebola inteira.
Ops!pensei comigo.
Ne pussive,não tem gás.
E agora?o que nós faiz?
Unh!já sei,o microondas tá pôde?
Como diria o cochinha?
Problema resolvido.
Ops!outro estalo.ja sei por que não dá liga
O farelo é coco ralado.
Eita vai dar dor de barriga.
Oh gota,ne pussive.
Peguei o outro pacote.esse tava certo,
Era o de tapioca.
Mais que depressa joguei no pote.
Dei mais umas misturadas,
Empurrei no microondas
Afinal,já vi dizer que as melhores receitas assim foram feitas.
Então o pobre do homem,
Esperando algo de bom
O estômago colando nas costas ,
Mas de medo que dê fome.
Não sabia o que se passava,
Naquela Benedita conzinha e eu,
Fiz de conta que estava no master chef da telinha.
Tirei do forno,aquele bendito prato,
Parecia uma pizza,de pirao de farinha
Fatiei e trouxe-lhe,
Esperei ele experimentar.
O coitado deu a garfada,
E dai-lhe mastigar.
Mastigava e me olhava,
Com cara de quem não dá.
Primeira e última garfada.
Não prestava nem pra olhar.
Mas também pudera,
Como não se confundir?
Os dois sacos eram verdes,eu so não li.
Num ,tinha escrito coco,noutro tapioca.
As duas eram farinha.
Por isso que aconteceu
Meu pesadelo na cozinha.
Graça Noronha