Cheia no Sertão

Relembrando a cheia de 2020

#SertãoNordestino

No ano de dois mil e vinte

Foi de cheia no sertão

Atendendo o requinte

Do inverno á estação

Como diz o matuto

Quando se chove muito

Foi por causa do inverno

Que chegou pelo Sertão

A mando do Pai Eterno

Mudando a estação

( 1 )

A Caatinga que era cinzenta

Agora ficou verde

Pescador se experimenta

Lançando a sua rede

Mais logo sai de cena

É época de piracema

Pois lá vem a produção

De cardumes no Sertão

Que te faz entrar no sol

Pescando de anzol

( 2 )

Nessa chuva que vira inverno

Onde objeto novo é moderno

Mais quando a seca vem

O Sertão vira um inferno

E só quem tem pena de alguém

É Deus nosso pai eterno

Que não semeia a maldade

Que no peito invade

E não tem dó de ninguém

( 3 )

O inverno aqui foi muito bom

Começou no final do ano

Foi até o ano que vem

E assim cortando o plano

Apagando todo ano

Da chuva que não vem

Nas quebradas do sertão

Só pelo canto do quenquém

A chuva foi de montão

Que diga no meu sertão

( 4 )

Na cidade de Várzea da Palma

Do cacto que vem a palma

Da alegria cortando a alma

Como se fosse um festejo

Alegrando o sertanejo

Na cidade de Jequitaí, Itacarambi

Naqueles dias claros

Do Coração de Jesus, Montes Claros

E São João Pacuí

Manga, Juvenília, Januária

( 5 )

Onde o São Francisco mora

É no cais de Pirapora

Que o Velho Chico chora

Com tanta sequidão

Por causa da degradação

Que assola o Sertão

Velho Chico que era mineiro

Agora se torna baiano

Vai cortando tabuleiro

No sertão fazendo plano

( 6 )

Atravessando as entranhas

Das bandas de Carinhanha,

Iuiu, Bom Jesus da Lapa

São Francisco se expande

Se perde no mapa

Lá pelas bandas Xique-Xique,

Nesses versos que são meus

Vai dando o seu adeus

Adeus Pilão Arcado

Adeus Casa Nova

( 7 )

Remanso e Santo Sé

Nesse enredo arretado

Como confissão de fé

Da chuva que Deus mandou

Que o sertão alagou

Tomando a maré

Do lago de Sobradinho

Vou seguindo o caminho

No estado do Sergipe

Como um toque de esquife

( 8 )

Com cheia no São Francisco

Em Canindé do São Francisco

Pelas bandas de Lagarto

Porto da Folha, Própria

Também Choveu

Fazendo o auto-retrato

Do período de chuvas

Que no Sertão permaneceu

Nas plantações de uva

Do Sertão Pernambucano

( 9 )

Juazeiro e Petrolina

Capitais da irrigação

Afinando a minha rima

Nas quebradas do Sertão

Há quem diga do frio

Que por causa dum rio

Chegou a Floresta Navio

No verso em linha reta

Da cidade de Floresta

Tem cheia do Velho Chico

( 10 )

Em Belém do São Francisco

Feito um cupim de aza voa

Com destino as Alagoas

Inundando as Canoas

Do pescador que matuta

Lá em Pão de Açúcar

Fazendo poeta menestrel

Replicar esse cordel

Que só finda nas entranhas

Da cidade de Piranhas

( 11)

Moisés Aboiador Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas

Moisés Aboiador
Enviado por Moisés Aboiador em 07/12/2022
Código do texto: T7666562
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