Pai matuto
O meu pai foi um matuto
Um vaqueiro no Sertão
Um sujeito muito bruto
Que cuidou da apartação
De viver vida de gado
Na lida tangendo o gado
De enfrentar mato fechado
Com jurema e alastrado
No campo da profissão
O Vaqueiro não manda recado
(1)
Honra sua profissão
No ofício que é lhe dado
O meu pai foi um matuto
Um camponês do Sertão
Sempre fazia de tudo
Na roça de plantação
Do roçado tirou o pão
Nesses versos miúdos
Quando se tem de tudo
Em tempos de sequidão
(2)
Também foi um carvoeiro
Nas quebradas do sertão
Do produto que era motor
Desenvolvendo a nação
Também foi um foiceiro
No seu passo ligeiro
Na limpeza do roçado
Naquele mato fechado
Com jurema ou alastrado
De caatinga e serrado
(3)
O meu pai foi um matuto
Um sanfoneiro do Sertão
Nos simples redutos
Cercando a povoação
Onde não paga tributo
De forró, xóte e baião
La de cima da serra
Tocando pé de serra
Inspirando Gonzagão
No forró entoado no Sertão
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Autor: Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas