82 + 94 = 70
E pra quem tiver achando
Que essa conta é muito louca
Repito até à voz rouca
Que não estou delirando
É outra aqui a didática
Diversa da matemática
É de Copa que eu tô falando
Cada quatro anos disputa
Ora perde, ora ganha
Rivalidade é tamanha
É sempre penosa a luta
É sempre dura a batalha
E se o jogo é Brasil e Itália
Mais custosa é a labuta
Todo encontro é decisivo
Quem vence é o campeão
Fica com a decepção
Quem é menos incisivo
Mas se puxar pela lembrança
Pra quem pende essa balança
Nosso saldo é positivo
Mais vitória que derrota
É razão de felicidade
Só uma curiosidade
Da qual pouco se anota
Mas uma olhada mais atenta
Vê um embate que representa
Um debate que não se esgota:
Vale mais levar o torneio
Com um estilo pragmático?
Ou só ataque no esquema tático
E arriscar sair no meio?
O que fica melhor escrito:
Perder jogando bonito
Ou ganhar jogando feio?
Nos gramados da Espanha
Jogamos futebol arte
A estética era o estandarte
Drible que o marcador acanha
De calcanhar tocava o Doutor
Um Falcão de Roma era senhor
E o Galinho o maestro da campanha
E o mundo inteiro encantado
Vibrava com o show que assistia
Do time que mais merecia
O título mais que encomendado
Uma magia que em gols se desfez
Num só jogo foram logo três
De um certo Paolo inspirado
Na terra de Tio Sam cautela
A meta não pode ser vazada
Ganhar de um a zero é goleada
Ainda que o gol seja de canela
Pra quem posta o time como parede
Se é mero detalhe estufar a rede
Querer jogo belo é muita chorumela
Por sorte tinha Bebeto e Romário
Dupla de inigualável talento
A cada partida ao menos um tento
Batendo no sufoco cada adversário
Pra chegar na final mais que sofrida
Só nos penais decidida
Por um tal Roberto perdulário
E por que temos que optar
Entre as faces da moeda
Que gira no ar e em meio à queda
É segura por quem vai apitar?
Se na história já houve a Seleção
Que tornou o Brasil tri-campeão
Jogando como orquestra ao tocar?
Glória que nenhuma outra ostenta
Conquistar a taça prometida
Depois roubada e derretida
Coisa que nem pra filme se inventa
Junte quem perdeu jogando bem
E quem ganhou jogando aquém
Pra obter o time da Copa de setenta
Se bem que é meio covardia
Tentar fazer comparação
Entre o singular esquadrão
Que no campo mostrava a alquimia
E qualquer outro desafiante
Que jamais jogaria o bastante
Pra sair vencedor da porfia
E nova saga já vai começar
Dessa vez com a Itália ausente
Mas com ferrenhos rivais pela frente
Vários favoritos se pode apontar
Já não temos mais os craques de outrora
O negócio é contar com as estrelas de agora
Quem não mais tem Pelé que se vire com Neymar