A LENDA DOS IPÊS

A primavera da vida

É quando o jovem floresce

Deixando de ser criança

Mas ainda permanece

Com instinto infantil

Vira infanto-juvenil

Até que amadurece.

A Natureza floresce

Na estação primaveril

Mas no verão, no outono,

Lindas flores já se viu

Três estações florescentes

Mas o inverno é carente

Talvez por causa do frio.

Se havia árvore floril

Vinha a geada e queimava

Se floria na floresta

A própria sombra matava

Se havia algum banhado

Um pântano bem florado

Vinha o brejo e alagava.

Nenhuma árvore concordava

Em florescer esfriando

Porque não frutificava

Findava prejudicando,

Era um verdadeiro inferno,

Muitas árvores no inverno

Terminavam se acabando.

Deus estava preparando

O mundo pra colorir

Se reuniu com as árvores

Pra com elas decidir

Por suas opiniões

Em qual das quatro estações

Do ano queriam florir.

Alegres ao decidir

Por sua própria opinião

Umas queriam primavera

Outras outono, verão,

Três estações escolhendo

Mas do inverno esquecendo

Chamou de Deus a atenção.

Parando a reunião

Deus a todos perguntou:

«Por que esqueceram o inverno?»

E uma delsa falou:

«É estação de queimada,

Seca, fria, desbotada,

Não há lugar para flor.»

Mas Deus pediu por favor

Que uma aceitasse o pleito

Porque sem flor no inverno

Parecia preconceito

Isso eu não quero pra o mundo.

Uma árvore lá no fundo

Lhe respondeu: «Eu aceito!»

Deus sorrindo satisfeito

Pergunto: «Quem é você?

Que demonstra tal coragem?»

«Senhor, eu me chamo Ipê

E atendo com muito gosto,

Aceito e estou disposto

A no inverno florescer.»

Com a decisão do ipê

Houve um espanto geral

As árvores não se atreviam

Pois o inverno era mau

E a todos prejudicava,

As que pudesse queimava

De forma bem natural.

Mas Deus gostou, afinal

Ia ter flor o ano inteiro

Agradeceu ao ipê

E falou bem prazenteiro

Com sentimento profundo:

«Has de embelezar o mundo

E serás o pioneiro!

Por me atenderes primeiro

Eu te farei florescer

Terás variadas cores

Pra mais bonito se ver

O inverno todo florido

E o mundo colorido

Aos olhos de quem ver.

E foi assim que o ipê

Ganhou variadas cores

Branco, amarelo do brejo

Puro amarelo nas flores,

Amarelo casca lisa

Roxo bola que ameniza

O roxo, a cor dos amores.

Púrpura e rosa são flores

De lindas tonalidades

Amarelo do cerrado

Outra das variedades

Roxo da mata é bonito

O preferido, acredito,

Para quem sente saudades.

O ipê tem variedades

Cada uma mais querida,

Sejamos como os ipês

Que tem a vida florida

Para o inverno colorir,

E que saibamos florir

Pelos invernos da vida.

Brasília, 11 de Setembro de 2021

SÉRIE LENDAS BRASILEIRAS - VOLUME 34

Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 20/11/2022
Código do texto: T7654467
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