O QUILOMBO DE PALMARES
O Quilombo dos Palmares
Ficava Localizado
No estado de Pernambuco
Quando capitaneado
Depois que mudou de plano
O estado alagoano
Conseguiu esse legado
Palmares, considerado
Uma república, na visão
De alguns estudiosos
Era uma grande nação
Onde negros se acoitavam
De toda parte chegavam
Fugidos da escravidão.
A sua população
Em pouco tempo alcançava
Cerca de três mil pessoas
Que ali se aquilombava
Pelo mato se alastrando
Novos mocambos formado
E o território aumentava.
No centro se encontrava
Sua administração
Um mocambo capital
Que impunha obrigação
E todos que apareciam
No quilombo obedeciam
Ao chefe da nação.
Ou seja, escravidão
Também no quilombo havia
Negro era escravo de negro
A quem o obedecia
Num regime desumano
Como o regime africano
Por causa da hierarquia.
Uma diferença havia
Entre as escravidões
Branco era dono e senhor
E ainda usava grilhões,
Negro senhor só mandava
Negro escravo trabalhava
Pelas suas previsões.
Ao se livrar dos grilhões
Da senzala de um senhor
Negro ao chegar no quilombo
Havia um superior
Que ia aculturá-lo
Afim de adaptá-lo
Ao regime interior.
Não pertencia a um senhor
Como antes, na verdade,
Mas havia a servidão
Com dupla finalidade
Aprender a resistência
E manter a subsistência
De toda a comunidade.
Muitos negros, na verdade,
Que no quilombo chegava
Fugindo com pensamento
Que nunca mais trabalhava
Mas se assim fossem viver,
Como o quilombo manter?
E como se alimentava?
Dois regimes imperava
Em sua população
Havia os que chegavam:
Fugindo da escravidão
Enfrentando o senhorio
A mata, a fera e o frio
Conseguindo a salvação.
A segunda opção
Sendo essa a mais frequente
Era o negro que fugia
Com a ajuda de um continente
De quilombolas armados
Que livrava o escravizado
Levando-o pra sua gente.
Esse ficava pendente
Ao pacto da servidão
Para se adaptar
A toda população
E trabalhar pra viver
Até poder se manter
Sozinho, sem proteção.
O ano de fundação
Registrado em documentos
Do Quilombo dos Palmares
Foi o mil e seiscentos
Local, Serra da Barriga
Cenário de muita intriga
E combates violentos.
No ponto «X» dos eventos
Ficava a capital
Era a Cerca dos Macacos
Cercada de vara e pau
Onde o chefe comandava
E onde também ficava
O seu Quartel General.
Em um ou outro local
Mocambos iam formando
O reino ia crescendo
População aumentando
Enquanto os perseguiam
Outros escravos fugiam
E Palmares se alastrando.
Com os mocambos se formando
Começaram a nomear:
Zumbi, Andalaquituche
Ozenga , Sabalangá
Tabocas, Acotiranga
Sucupira Dambrapanga
Eram os mocambos de lá.
Começaram a guerrear
Devido as perseguições
A policia os atacava
Com incêndios, destruições
Mas sempre sobreviviam
E tudo reconstruíam
Em maiores proporções.
Algumas populações
Que na vizinhança havia
Compravam os artesanatos
Que o quilombo fazia
Comércio foi aumentando
Amizades se formando
E a policia não sabia.
Quilombola produzia
Chapéus, vassouras, esteiras
Cestas, leques, urupembas
Com as folhas das palmeiras
Óleos de nozes ou polpas
E ainda faziam roupas
Com estrecascas de madeiras.
Plantavam nas capoeiras
Milho, mandioca, banana
Batatas e hortaliças
Mandioca, feijão e cana
Pra o consumo, pra vender
E poder sobreviver
Às tropas pernambucanas.
Uma vida soberana
Se não fosse fugitiva
O chefe era Ganga Zumba
Com uma grande comitiva
Tinha suas leis e crenças
Saberes e experiências
Era uma nação ativa.
Havia sempre um conviva
Branco que entrava por lá
Pra comprar mercadorias
E para fora levar
Com essas introduções
Surgem miscigenações
Fazendo a raça mudar.
Começa a nascer por lá
Branco, cafuso, mulato
Dentro e fora do quilombo
Pela cidade ou no mato
Enquanto eles resistiam
Novas raças ressurgiam,
Duas, pra ser mais exato.
A tentativa de fato
De o quilombo aniquilar
Surgir com os holandeses
Vindos de Itamaracá
Mas palmares resistiu
E ainda conseguiu
Do Nordeste os expulsar.
Governo tenta mudar
Do quilombo a situação
Tenta um tratado de paz
Com o chefe da nação
Prometendo alforriar
Todos que haviam por lá
Livrá-los da escravidão.
O chefe deu atenção
Ao que o governo pediu
Era um tratado de paz
Porém Zumbi resistiu.
Que adiantava alforriar
Palmares e continuar
A escravidão no brasil?
E foi assim que surgiu
O nome Zumbi na história
Sobrinho de Ganga Zumba
Conseguiu muita vitória
O maior dos combatentes,
Para os afro-descendentes
Esse é sinônimo de glória.
Segundo conta a história
Houve um combate pesado
Porque alguns descendentes
Não aceitaram o tratado
Havendo muita disputa
Terminou com muita luta
E Ganga Zumba assassinado.
Esse fora envenenado
Por um dos seus dissidentes
Zumbi foi o escolhido
Pra continuar à frente
Da região palmarina
Por ser de linhagem fina
E ser mais inteligente.
Também era o mais valente
De todos os contendores
Todos lhe tinham respeito
Pois sabiam seus valores
Ele achava tudo igual
Desde o negro general
Até os agricultores.
Zumbi com seus contendores
Construiram paliçadas
Fortalecendo os mocambos
Contra todas emboscadas
Desde a Cerca do Macaco
Ao mocambo mais fraco
E com milícias armadas.
Essas ditas paliçadas
Seguras até de mais
Lembravam velhos reinados
Dos tempos medievais,
Demonstravam resistência,
Só havia diferença
Em termos matérias.
Os reinos medievais
Erguidos em pedra e cal
E os mocambos de palmares
Eram feitos só de pau
Se houvesse movimento
Até mesmo um pé de vento
Qualquer fogo era fatal.
Foi isso que Portugal
Demonstrando inteligência
Usou para atacá-los
Sem muita deficiência
Destruindo a fortaleza
E os negros sem defesa
Viu do quilombo a falência.
Foi essa deficiência
Que provocou a derrocada
Só na Cerca do Macaco
Haviam três paliçadas
Que com o tempo secava
E cada vez se tornava
Mais fácil de ser queimada.
Foi com essa meta traçada
Que Domingos Jorge veio
Com o Bernardo Viera
E o espernegue foi feio
Entre incêndio e confusão
Negros, mortos pelo chão
Zumbi ferido no meio.
Outro mocambo interveio
E o ajuda a fugir
Mas um negro insatisfeito
Resolve então o trair
Por motivos levianos
E já com quarenta anos
Tomba sem vida Zumbi.
Também veio a sucumbir
Aos noventa e quatro anos
O quilombo dos palmares
Com seus feitos soberanos
Ficando a serra queimada
A história registrada
Honra dos alagoanos.
Campina Grande , 13/11/2013
SÉRIE ESCRAVIDÃO - VOLUME 6