Cangaceiros do São Francisco

Um pouco sobre 4 homens se tornaram os jagunços mais temidos em todo Sertão Nordestinos... 'Os Cangaceiros do São Francisco"

Em um simples manuscrito

Vou fazendo verso escrito

Sobre os Cangaceiros do São Francisco

Pelas bandas do Velho Chico

Cristino Gomes da Silva Cleto

Pra ser mais concreto

Vulgo Corisco

No Sertão fez seu regaço

Nesse cordel que faço

Aos Cangaceiros do São Francisco

( 1 )

Notícia vira fuxico

Nasceu em Água Branca

No Sertão Alagoano

Já assumindo a Bronca

Matando protegido de Coronel

Não estava nos planos

Lançar fogo ao leu

Virando um Cangaceiro

Em seu mundo desordeiro

Nas quebradas do Sertão

( 2 )

Desafiou até o capitão

Virgulino Lampião

Como foi também

Fazendo “macacos” de refém

O vingador de sua morte

Nessa errante sorte

Por ali e acolá

Capturou Dadá

Como pagamento duma dívida

Cobrada no Sertão

( 3 )

Tinha a alma dividida

Ora filho de Deus

Ora filho do “cão”

E digo nos versos meus

Que foi em Barra do Mendes

Na pinta de quem se rende

Na ironia do destino

Foi morto por Zé Rufino

O vingador de Lampião

Dando fim ao Cangaço no Sertão

( 4 )

A miséria tinha um rastro só

Na vida de Antônio Dó

O António Antunes de França

Levando a triste lembrança

Da macabra infância

Com dia quente e noite fria

Pelos Sertões da Bahia

Assistindo aquela mazela

De conviver com a miséria

Essa foi à vida de gado

( 5 )

Do Cangaceiro de Pilão Arcado

Foi também de São Francisco

Como rico que não luxa

Chegando a Chapada Gaúcha

Almejando ficar rico

Armando seu Cangaço

Na Serra das Araras

Em Vargem Bonita

Travou uma queda de braço

Como quem mete a cara

( 6 )

E rapidamente irrita

O tenente Felão

E os poderosos da região

Na história incitou

O confronto de dizimou

O povoado de Vargem Bonita

A história aqui fica

Antônio Dó se tornou poderoso

Em seu Cangaço vitorioso

Mas não evitou o fim doloroso

( 7 )

Do Massacre de Vargem Bonita

Liderado pelo seu desafeto

O Alferes Felix Rodrigues

Pois a história incita

Fogo do chão ao teto

De uma só vez

Foi o que Felão fez

Com aquele povoado

Ficando registrado

Mais de 70 queimados

( 8 )

Mortos pela volante

A mando do comandante

Da Volante Mineira

De outra maneira

Dó teve seu fim

Fez pacto com o coisa ruim

Também não livrou da morte

Nessa vida sem sorte

Perdeu o comando

Foi morto a traição

Dentro do seu próprio bando

( 9 )

Á golpes de mão-de-pilão

Pondo fim ao seu Cangaço no Sertão

Nessas terras altaneiras

Em Afogados da Ingazeira

Nasce António Silvino

Traçando o mesmo destino

De ser um Cangaceiro

Do Nordeste Brasileiro

Manoel Baptista de Morais

Seu nome verdadeiro

( 10 )

Não tinha motivo nenhum

Mas perdeu seu pai

Tornando um Bandoleiro

Nas bandas do Pajeú

Por causa de desafetos

Causado pelos inimigos

De sua família

São fatos concretos

No Sertão não se tem amigos

Mesmo que a vida seguia

( 11 )

Convivendo com seus pais

Pedro Baptista de Morais

E Balbina Pereira de Morais

Continuando seus dilemas

Sempre tendo problemas

Com a família Ramos

O que não estava nos planos

Era um jovem sertanejo

Vivendo o cortejo

De sepultar seu próprio pai

( 12 )

No universo que atrai

O Cangaço no Sertão

Entre o bem e a maldição

Vivendo a melancolia

Totalmente revoltado

Vendo o pai assassinado

Na bruta covardia

Por Jose Ramos da Silva

E pelo subdelegado

A autoridade local

( 13 )

A falta de lei ativa

A crueldade no Sertão

Pois o bem virou ou mal

Por tanta decepção

Carregando a lembrança

A vontade da vingança

Da justiça com as próprias mãos

Pois António Silvino se tornou

Um dos maiores Bandoleiros

Que por aqui pisou

( 14 )

Tomando o Pernambuco

Pelos conflitos de terra

Onde a morte é um lucro

Semeando a guerra

Onde viveu Ariano Suassuna

Cidade é São Bento do Una

Aqui faço favor

Apresentando a fala do escritor

Que no Nordeste desigual

O define como “bandido social”

( 15 )

Finalizo essa rima

No Nordeste acima

Com o Cangaceiro

Agindo como justiceiro

No Sertão de morro arriba

Invadindo a Paraíba

Peitando os mandões de lá

Seja aqui ou acolá

As façanhas de António Silvino

Ficaram marcadas no Sertão Nordestino

( 16 )

Ao lado das histórias do camarada

Lá de Serra Talhada

De nome Virgulino Ferreira da Silva

O vulgo Lampião

Parece até lenda viva

Nas quebradas do Sertão

É o linguajar do povo

No vale apena ver de novo

Mas não acredite não

Pois o Cabra já morreu

( 17 )

Seu Cangaço escafedeu

No meio do Sertão

E falando sobre Lampião

Vou mostrar de novo

Como tudo aconteceu

Na vida de um povo

Que morava

Lá nas bandas do Pajeú

O que se falava

Que os motivos eram nenhum

( 18 )

Para tanta confusão

E muita briga

Causando intriga

Nas quebradas do Sertão

Nesse mundo sem destino

Nasce Virgulino

No Sitio Passagem de Pedras

Lá no Sertão do Pajeú

E de seu pai herda

Como era comum

( 19 )

O sobrenome Ferreira da Silva

Vivendo ali com seu pai

Jose Ferreira da Silva

E sua mãe Maria Lopes

Convivendo com seus pais

Cercado de confusão

Trocando palavras torpes

Com os desafetos do Sertão

Sem contar dos seus esbarros

Com um Alves de Barros

( 20 )

O vulgo José Saturnino

Parecia treta de menino

Brigando entre as cercas

Em época de seca

Nessas terras altaneiras

A briga dos Ferreira

Com os vizinhos

Provocou o desalinho

De sair da região

Retirando sem razão

( 21 )

Pra outras bandas do Sertão

Mais um ato falho

Nesses esbarros

Pois os Alves Barros

Os acusavam de ladrões de chocalhos

Não foi a toa

Que fugiram pra Alagoas

Foi na pacata Água Branca

Que aconteceu a tal matança

E morte de Zé Ferreira

( 22 )

Numa triste cena

A mando de Zé Lucena

Com ira dos Ferreira

De Virgulino Ferreira

Ao vulgo Lampião

Começava uma saga

Nas quebradas do Sertão

De quem abraçou a vaga

Da justiça com as próprias mãos

De bandido a ladrão

( 23 )

Assim foi Lampião

Diz ter lutado pelo povo

Oprimido do Sertão

Vale a pena ver de novo

Seu mundo de indecisão

Um bandido fora da lei

Que torando dois no meí

Foi justiceiro local

Pela causa social

No Sertão desigual

( 24 )

Repartiu pra população

Do Coronel que seqüestrou

Ou produto que roubou

Assim foi no Banco do Brasil

Os 400 mil contos de reis

Cobrando dos Coronéis

E também do Ceará

Onde resolveu entrar

No acordo com Padre Cícero

No Clero fez aliança

( 25 )

Desafiando a governança

Naquilo que considero

Um ato pragmático

O Mandonismo Carismático

Grande financiador

Do Banditismo no Sertão

De ter fé no Criador

E pacto com o “cão”

Nessa entrou Lampião

Nos Sertões da Bahia

( 26 )

Onde conheceu Maria

Se é de E`dea ou Bonita

A história dita

Mais o que irrita

É essa de sair no lucro

Com mortes, assaltos e estupros

Esse ato mal feito

Jamais será aceito

Sendo totalmente o contrário

Do Sertão Libertário

( 27 )

Maior dos desmandos

Foi viver sem comando

Entre Deus e o diabo

Quando deram cabo

Do seu Cangaço

Em Poço Redondo

Sucumbindo nos estrondos

De quem acertou o passo

E com sua fama acabar

Pois estava lá

( 28 )

No ano de 38

Os volantes de João Bezerra

Descobrindo os coitos

A procura de um Ferreira

Que sem ter reação

Foi morto a traição

Dentro do Sertão

Da Grota dos Angicos

Físgado como um marisco

Junto da cobroeira

( 29 )

E da mulher faceira

Maria Bonita

Pois a história cita

Fez parte dos 13

Cangaceiros degolados

No conflito armado

Lembrado várias vezes

Na história do Sertão

O mundo de indecisão

De Virgulino Lampião

( 30 )

Autor: Moisés Aboiador ( Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas)

Moisés Aboiador
Enviado por Moisés Aboiador em 15/11/2022
Reeditado em 15/11/2022
Código do texto: T7650798
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