HISTÓRIAS DE CAPIBA EM CORDEL

Com base no livro - Histórias que a vida me ensinou - de autoria de Capiba.

“TODOS NÓS SOMOS FAZEDORES DE HISTÓRIAS, UNS MAIS OUTROS MENOS, DEPENDENDO DOS MOMENTOS E DAS CIRCUNSTÂNCIAS.”

(Capiba)

Surubinense Capiba

No livro de suas histórias

Conta fatos relevantes

E de saudosas memórias

Relembra seu dia a dia

Com graça e com alegria

Caminhos e trajetórias

Já no começo do livro

Revive histórias na praça

De um amigo de Campina

Que era bem cheio de graça

Sulpino tinha histórias

Conversas e trajetórias

Que pela vida se passa

Ele diz que o Sulpino

Já na hora de morrer

Chamou dois amigos seus

Para então lhes dizer

Como Cristo, seus varões

Morro entre dois ladrões

E acabou de falecer

Participou de um concurso

Sua primeira gravação

O tango Flor das Ingratas

Na revista, o campeão

Vinte e nove foi o ano

Seu estilo soberano

Foi quem causou emoção

Ele lembra que na época

Não tinha televisão

Só tinha mesmo telégrafo

Mas havia a vocação

Depois fez também um samba

Então foi ficando bamba

E outras vezes campeão

Já do Banco do Brasil

Onde foi funcionário

Ele conta muita história

Com seu jeito visionário

Na assinatura do ponto

Lindolfo não dava desconto

Tinha que ser no horário

Dizia eu faço música

Que venha agradar o povo

Não é por obrigação

É algo bonito e novo

Nada assim de baixo nível

Eu faço o melhor possível

E na emoção eu me envolvo

Na Conde da Boa Vista

Morava numa pensão

Estudante de direito

Numa boa situação

Um problema reincidente

É quando faltava pente

Mas resolveu a questão

Comprou vinte e quatro pentes

Entregou um para cada

Pendurou uns na parede

Pra acabar essa parada

De eu sair despenteado

Ir trabalhar assanhado

Que era o fim da picada

Um dia lá na pensão

Júlio Bobó lhe enganou

E fez uma presepada

Que ele então não perdoou

Duas horas que faltava

Pra hora que trabalhava

E ele já lhe despertou

Ele diz que certo dia

Querendo lhe conhecer

Chegou no banco uma moça

E então foi atender

A Jazz Band já existia

Povo amigo conhecia

Ele então pode entender

Que seu trabalho com música

Foi então reconhecido

Valsa Verde já tocava

E ficou enternecido

Foi uma visita importante

Que lhe fez naquele instante

Sentir ora envaidecido

No ano de trinta e sete

Foi ao Rio de Janeiro

Hospedou-se no Catete

Mesmo assim gastou dinheiro

Foi logo pra uma noitada

Na volta se deu a parada

Perdeu-se ali por inteiro

Com os colegas do banco

Sempre foi um brincalhão

Com o nome Bar Querubim

Ele fez a confusão

Fazendo o nome trocar

Ficou Querubim Bar

Foi risada de montão

Comprou seu primeiro carro

Studebaker era o nome

Ficou muito exibido

Uma figura de renome

E as moças já convidou

No passeio se amostrou

Nunca foi unha de fome

A convite de amigos

Uma longa viagem fez

Gostou mais de Portugal

Pois falava português

Embora bem diferente

A fila era bicha, oxente

Mas ruim mesmo era o francês

O nome vago-simpático

O seu problema ao falar

Se tinha um “c” na palavra

Não adiantava tentar

Cachimbo era só “achimbo”

Carimbo era só “arimbo”

Não tinha como evitar

Disse que um tal vitiligo

Já menino apareceu

Fica a pele esbranquiçada

E ele logo percebeu

Fica muito esquisito

O contrário de bonito

Mas isso não lhe abateu

Num programa de TV

Quando foi entrevistado

Tocou lá a “Valsa Verde”

Que o fez bem destacado

Disse que seu bom piano

Está no cotidiano

Isso lhe faz renovado

Com trinta anos de banco

É que pensou em casar

Lua de mel lá no Rio

Com a Zezita seu par

Os jornais já descobriram

Estamparam e exibiram

Não teve como abafar

Certa vez numa entrevista

O fulano perguntou

Com a explosão do rock and roll

Acha que o frevo acabou?

“Essa pergunta foi chata

Ouça Trombone de Prata”

E satisfeito ficou

Ano de cinquenta e oito

A Panair é quem voava

Tomando whisk a bordo

Não notou o que passava

A turbulência danada

Muita gente apavorada

E outro gole ele tomava

Uma coisa o chateava

Um trique-trique no ouvido

Dia e noite uma quizila

Que o deixava aborrecido

Visitou especialistas

De exame fez várias listas

Mas nada foi resolvido

Ano de sessenta e seis

Inscreveu num festival

“Canção do Amor que não Vem”

E mais outra bem legal

Foi então classificado

Excelente resultado

Num evento internacional

Ano de sessenta e sete

O telefone tocou

Era a TV Rádio Clube

Uma voz o convocou

A aparecer no programa

Como o Melhor da Semana

Mas não foi como ele pensou

Ano de setenta e um

Veio então a cirurgia

Duas pontes de safena

Coisa que ninguém queria

O ruim era o curativo

Que o deixava apreensivo

Já passada a anestesia

Quando comprou um Voyage

Para doar a Zezita

Foram a Campina Grande

Ver a paisagem bonita

Foram parados na estrada

Mas disseram não foi nada

Capiba está bem na fita

E encerrando as histórias

Vem a mais interessante

Num cordel de sua autoria

Uma história fascinante

Pseudônimo Zé Buchudo

O Capiba contou tudo

Num relato provocante

Mary Fa
Enviado por Mary Fa em 16/09/2022
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