QUANTO VALE UMA VIDA?

Um decreto de três dias

À rainha da Inglaterra

Um ato de humanidade

A quem uma vida encerra,

Mas mesmo nesse Brasil

Quase setecentos mil

Foram sem luto à terra.

 

A palavra de conforto

“E daí, não sou coveiro”

Nenhum decreto dizia

Descanse em paz, companheiro!

Um peso, duas medidas

Quanto que vale uma vida

Daqui e do estrangeiro?

 

Vocês podem até falar

“Bicho”, tu és enjoado

Não mesmo, não é enjoo

Só não vou ficar calado

Toda vida deve importar

Da rainha ou da Dinorá

Todas têm o seu legado.

 

Não é crítica ao decreto,

Mas como ele é usado

Já que todos são iguais

Por que só um é lembrado?

A morte é o que me consola

Quando ela vem não enrola

Para trás ninguém é deixado.

 

Mesmo não gostando dela

Bato palmas à danada

De príncipes, rainhas e reis

A pessoa abandonada

Ela leva sem perdão

Com sua foice na mão

Toda vida é condenada.

 

Eu vou ficar por aqui

Pedindo a ela mais tempo,

Porém o relógio não para

E causa constrangimento,

Mas como o mal é de morte

Eu quero contar com a sorte

E que demore esse tormento.

JOEL MARINHO