Parabéns Caetano
Nesse momento tão triste,
quando a cultura padece,
reverenciar os vivos,
é missão que me apetece.
Não esperar sua morte,
para fazer uma prece.
Caetano Emanuel
Viana Teles Veloso.
Tem música até no nome.
Um artista grandioso.
Vamos aplaudir de pé,
compositor talentoso.
É filho de seu Zezinho,
e de Dona Claudionor.
Dona Canô para os íntimos
Matriarca de valor.
Que viveu mais de cem anos.
Partiu e a Bahia chorou.
O humor de Caetano,
muito me contagiou.
Sempre atrás do trio elétrico,
quem não morreu conquistou.
Sem lenço nem documento,
no coração, paz e amor.
Cerveja e suor no corpo,
na mente imaginação.
Ele transcende o seu tempo,
anos luz de evolução.
Entender sua poesia,
requer boa reflexão.
Saudoso João Gilberto,
um Baiano de valor,
criador da Bossa Nova,
foi seu mestre e professor.
Tão suave sua música,
disfarça sútil calor.
Criou o Tropicalismo,
com o Gil, Gal e Tom Zé.
Mais Mutantes, Capinam,
juntaram com muita fé.
Revolução musical,
que o mundo aplaudiu de pé.
Junto com os Doces Bárbaros,
ao lado de Gil e Gal.
Que tinha também Betânia,
intérprete sem igual.
Presenteou o Brasil,
com um som tão magistral.
O menino da Bahia,
Santamarense porreta.
O seu som causa arrepios.
Também calou o careta.
Sua arte quebrou tabus,
como a força de Tieta.
Com grito: "O Haiti é aqui",
revelou grande segredo.
Deu basta à hipocrisia.
Racista tem muito medo,
que desmontem sua farsa,
E que lhe apontem o dedo.
Caetano generoso,
não bastasse a poesia,
nos legou a sua prole,
que herdou sua maestria.
O Moreno, Zeca e Tom.
Só o pai já bastaria.
Também quando os poderosos,
Nos fazia passar fome,
com a sua linda voz,
foi contra quem nos consome.
Atacou podres poderes.
Gritou e disse seu nome.
PROIBIDO PROIBIR:
O seu brado ecoou forte.
Com a voz de um gigante,
que não teme nem a morte.
Num tempo de escuridão,
opressão, censura e corte.
Alguma coisa acontece,
no meu frágil coração,
pois quando lhe ouço cantar,
brota em mim louca paixão.
Impossível traduzir,
porque é pura emoção.
Como um amigo lhe quero,
sempre no peito guardado.
Não quero vê-lo partir.
E sim reverenciado.
Também em vida meu ídolo,
desejo vê-lo lembrado.