Prédio dos Correios no contexto urbano de Bananeiras
O século dezessete
Vinte e cinco de janeiro
No ano sessenta três
Deu-se o fato pioneiro
Criou-se o Correio-Mor
No Estado brasileiro
Tecido por Dom Manuel
Era um ofício postal
O Correio-Mor do Reino
Que ligava Portugal
Aos seus domínios no mundo
De proporção colossal
Diz a História que foi
Em um país mui fecundo
Na Pérsia de antigamente
Nesses anais me aprofundo
Que apareceu o primeiro
Correio ativo do mundo
No ano mil e quinhentos
Com Pero Vaz de Caminha
Saiu a primeira carta
E um destino ela tinha
Para anunciar o gáudio
Da brava e real Marinha
Ao participar ao Rei
A descoberta de um chão
Que não constava nos mapas
Conhecidos de então
Uma vasta e rica terra
Pronta para adoção
Assim surgiu o Brasil
E a primeira missiva
Foi certidão de batismo
Da terra tão atrativa
O Correio então fluiu
Em expansão gradativa
Depois de mais de cem anos
De Correios no Brasil
O irado Rei Dom João VI
Decretou e proibiu
Cartas para o interior
Em uma manobra vil
Ele queria impedir
A livre circulação
De intenções e pensamentos
Fora da curta visão
Dos nobres que sustentavam
Nossa colonização
Também queriam evitar
Que vazasse algum relato
Sobre as minas de ouro
Perdidas dentro do mato
De domínio da Coroa
E dadas em comodato
Mil oitocentos e oito
Chega a Família Real
O país então passou
A ser sede oficial
Da Coroa Portuguesa
Em progresso factual
E o Serviço Postal
Teve seu regulamento
Nomeando os agentes
Proporcionando alento
Dinamizando o serviço
E o desenvolvimento
Foi no sete de setembro
No riacho Ipiranga
O Brasil ficou liberto
Independente da canga
Que Portugal nos impunha
Provocando muita zanga
Do Imperador D. Pedro
Que falou: “hoje eu declaro
A nossa independência”
Naquele momento raro
E quem entregou a carta
Foi um tal Paulo Bregaro
Que hoje é considerado
O patrono dos carteiros
O nome que representa
Nossos hábeis mensageiros
Levando carta e encomenda
Aos lares dos brasileiros
Na cidade Bananeiras
No ano de trinta e cinco
O século sendo dezoito
Construiu-se com afinco
Bela sede dos Correios
Com esmero, luxo e trinco
Foi no Nordeste o primeiro
A ter “escravo-carteiro”
Um cativo que servia
Como eficaz mensageiro
Com os malotes postais
Rodando o setor inteiro
Bananeiras nesse tempo
Vivia seu apogeu
Na produção do café
Cujo capital ergueu
Edifícios suntuosos
Que a riqueza concedeu
Bananeiras produzia
Mais de um milhão de sacas
De café durante um ano
Sem haver colheitas fracas
Era o tempo da imponência
Fraques, bengalas, casacas
Corria muito dinheiro
Na Bananeiras de então
Era através dos Correios
Que se dava a transação
Do comércio do café
Em intensa ebulição
Na força do capital
Conforme aqui investigo
É a sede dos Correios
Edifício mais antigo
E um dos mais fascinantes
Não só eu que assim o digo
O edifício é seis anos
Mais velho que as “Carmelitas”
Que ficam em frente do mesmo
Escola das mais bonitas
No estilo colonial
Ordem do Carmo, benditas
Nessa sede dos Correios
Tem um jardim encantado
Com jaqueira e goiabeira
De belas flores ornado
E um pé de seriguela
Cidreiras no seu gramado
O pé de goiaba branca
Alimenta a rua inteira
Ambiente natureza
Com seu pé de bananeira
Emblema desta cidade
Nesta casa pioneira
Esta sede dos Correios
Que é um cartão postal
Com seu charme majestoso
Estilo colonial
Reflete a era de ouro
Quando a Família Real
Chegou aqui no Brasil
Era a Casa de Bragança
A família imperial
Veio com muita pujança
Faro civilizatório
O Brasil era criança
Construído por escravos,
Este formoso edifício
Com base em pedra empilhada
Conforme o artifício
Neoclássico estilo
Apresenta o resquício
De reformas no passado
Conforme o estilo atinente
A feitura de uma laje
Banheiro e porta da frente
A residência do Chefe
Em formato refulgente
Terminando este cordel
Sobre o prédio dos Correios
Na vetusta Bananeiras
Permito-me uns devaneios
De André Ricardo Aguiar
Que plasmou estes floreios:
“Tem uma hora do dia
Em que adoro o amarelo
Mas não é a luz do sol
É o carteiro, revelo,
Com sua farda marcante
E o seu valor singelo”
Ao fim, também agradeço
Pela atenção dispensada
A Ana Lúcia Fagundes
Que me deu de mão beijada
Os informes referentes
À obra aqui narrada
Profissional dos Correios
Que sua ação amplia
Ana Lúcia se empenha
Frente à museologia
Para apresentar o prédio
Em toda sua magia
O qual faz parte da História
Da Bananeiras notável
Que luta pra preservar
Patrimônio vulnerável
Equilibrando a expansão
Em progresso sustentável.