A CADELA DENGOSA

Para quem não tem carinho

E consideração pelos animais

Ouça agora essa história

E não se esquecerá jamais

Em uma propriedade rural

Uma familia ainda pequena

Mãe Mariazinha, pai Tião

E o filhinho com dois aninhos apenas

E a presença repentina

Da pequena cadelinha dengosa

Que sofreria até a morte

Por ser assim, tão amorosa!

Mudou-se para a casa de Mariazinha

Por gostar demais do garoto

E assim, todos os dias

Com imensa alegria

Os dois brincavam com gosto

Sentiu dengosa com alegria

Que teria sua primeira cria

Logo, a preocupação:

Arrumaria seu ninho

No porão da casa de Maria

Dez filhotes nasceram de dengosa

E como seria agora?

Tinha apenas oito maminhas

Provavelmente dois ficariam de fora

Começou a choradeira

Dia e noite, noite e dia

E o marido irritado

Pra Maria assim dizia:

Mulher, de um fim na cachorrada

Desse jeito não vai dar

A noite é longa, e sem dormir

Não consigo descansar!

Dando razão ao marido

Apanhou uma bacia

Colocou os cachorrinhos

Lá no rio os jogaria

Atirou-os um a um

E quando resolveu voltar...

Surpreendida percebeu que

Uma semana apenas

E os filhotes sabiam nadar

Usaria então uma pedra

Era a única solução

Teria que ser corajosa

Pois não era bem assim

Que pedia seu coração!

Ao voltar amargurada

Para DEUS pediu perdão

Ja se fazia noitinha

Percebeu algo estranho...

Um barulho no porão

Foi ao ninho de dengosa

E viu horrorizada

Um a um ela trazia

Tremendo e toda molhada!

Lambia os filhotes mortos

E para Maria olhava

Como a pedir socorro

Parece até que chorava...

Maria, desesperada

Numa fossa foi jogando

Na presença de dengosa

Que a tudo estava olhando!

Chamou dengosa pra casa

Mas ela, se recusou voltar

E, as tábuas que tampava a fossa

Começou a arranhar

Com desespero e dor

Tanta força ela fazia

Conseguindo afastar a tábua

E com a tábua caia

Maria chamou o visinho

Para tira-la de lá

Muitos banhos foram feitos

Para limpinha ficar

Dengosa foi se entristecendo

De perto da fossa não saia

Por mais que lhe oferecessem

Não comia, não bebia!

Foi morrendo aos pouquinhos

De tristeza e solidão

Nem o filhinho de Maria

Alegrava seu coração!

Tenho pena de Maria

Que nada pode fazer

Se arrependimento matasse

Tambem ela iria morrer!

obs. inspirada em uma reportagem do jornal "espaço aberto" de Jandaia do sul, P.R.

12:17 horas