INDEPENDÊNCIA OU MORTE: 200 ANOS DEPOIS
JOEL MARINHO
“Ouviram do Ipiranga”
Não me pergunte quem foi
Talvez o pobre do sapo
Chamado de sapo boi
Que parou seu coaxar
Para poder escutar
O grito do tal herói.
Em cima de seu cavalo
Com sua espada na mão
Com um grito retumbante
Pedro fez a grande ação
Disse com expressão forte
É “Independência ou morte”
Aqui nasce uma “nação”.
O cavalo relinchou
Dando também seu aval
A população gritou
Estamos livres, afinal
E foram baixando o cacete
De espada e de porrete
Derrotaram Portugal.
Calma, calma, meu amigo
Essa História e controversa
Sente e venha escutar
Se não estiver com pressa
Eu também fui tapeado
Diz o pica pau zangado
Tive que engolir mais essa.
Cresci crente que a nação
Nasceu no grito do herói
Ao descobrir a verdade
Essa ferida ainda dói
Quando eu soube que D. Pedro
Estava cagando de medo
No meio dos girassóis.
Porém o mais importante
Nessa História que descortina
É que nós ficamos livres
Daquela gente grã-fina
Mas para nos libertar
Nós tivemos que pagar
Dois milhões de libras esterlina.
E o grito do Ipiranga
Será que não valeu nada?
Ou ninguém ouviu o grito
Nem o brilho da espada?
Será que ninguém ligou
Para o grande imperador
Ou foi tudo só fachada?
Aprendi quando criança
Que D. Pedro era herói de guerra
Trouxe a nossa liberdade
Jogou Portugal por terra
Descobri com sofrimento
Que só depois do pagamento
A subjugação se encerra.
Descobri que meus “heróis”
Não são tão heróis assim,
Mas suas fabricações
Não são de tudo ruim
Mesmo em forma de anedota
Nos sentimos patriotas
Nacionalistas, enfim.
Assim podemos dizer
Viva ao nosso país
Viva o Sete de Setembro
E o brasileiro feliz
Viva ao nosso D. Pedro
Que mesmo morrendo de medo
Nos tirou um fardo infeliz.
Viva também Pedro Américo
Que depois foi contratado
Para pintar o tal quadro
O qual gerou resultado
Hoje muitos acreditam
Num heroísmo bonito
Que foi a muito espalhado.
Eu que não sou mais criança
Já não creio em anedota
O saci não faz mais medo
Nem curupira de pernas tortas
Eu te peço, não se zanga,
Mas grito do Ipiranga
Não me venha com lorota.
Pedro pode ter gritado
Porém não ouve estampido
As tropas de Portugal
Se ouviram eu duvido
O Ipiranga, coitado!
Deveras ficou calado
Por não ter boca nem ouvidos.
Me jugue como quiser
Que sou antipatriota
Que não gosto do Brasil
Me chame de idiota
Pode xingar à vontade
Porém me prove a verdade
Sem essas tais anedotas.
Eu gosto do meu país,
Pois outro melhor não há
Amo a minha Amazônia
Aqui é o melhor lugar
Amo a diversidade
Mas também amo a verdade
Quer mentir, minta pra lá!
Deixo aqui o meu abraço
A quem concorda comigo
Quem não concorda está bem
Continuaremos amigos
Respeito é coisa de pia
Um viva a democracia!
E que jamais corra perigo.
Que o coração de D. Pedro
Possa nos trazer a paz
E que a nossa política
Se torne mais eficaz
Que surja uma nova ação
Unindo-nos como nação
Desunião nunca mais.