* O dia em que a morte se apaixonou *

1

A morte, faz o seu trabalho

De diariamente tocar.

Nos que cumpriram seu tempo

E estão prontos pra voltar.

Precisam deixar a terra.

E da vida desencarnar.

2

E essa rotina mudou,

Quando ela se apaixonou.

Viveu um grande tormento

O maior que vivenciou.

Querendo adiar o momento

De matar quem mais amou.

3

Porém, o tempo de ninguém

Na vida pode ser adiado.

A morte “ronda” a todos.

E está sempre ali do lado.

Faz parte da nossa vida.

Não é um fato isolado.

4

A morte se encanta com a vida

E não queria acabar.

Achava surpreendente

E ficava a contemplar.

Porém se o abraçasse

Sua vida ia acabar.

5

Se apaixonou por uma criança

E vivia a lhe acompanhar.

Admirando-a em tudo

Em cada canto estava lá.

Seu amor só aumentava

Mais não podia nela tocar.

6

A criança não tinha medo dela.

E, viviam a conversar.

Chegando a trocar carinho

Mais não podiam se abraçar.

Se a morte a abraçasse

Sua vida ia se acabar.

7

A morte conviveu com ela

Evitando o que mais queria

Que era lhe dar um abraço

Sabia que não podia.

Isso a amedrontava.

A única coisa que temia.

8

Um dia a criança a abraça.

Em seguida perde a vida.

A morte saiu chorando

E ainda está entristecida.

Nem mesmo seu grande amor

Ela pode deixar com vida.

9

A morte anda pelo mundo

Triste, fria, amargurada.

Não compreende sua sina,

Não se importa com nada.

Ás vezes chega de mansinho,

Outras é bem antecipada.

10

Ela nunca é bem vinda

Não importa o que faça.

Vive a causar sofrimento

Em toda casa ela passa.

Na fragilidade da vida.

Ela chega achando graça.

11

Morte e vida caminham juntas

Em caminhos diferentes.

Tudo que a morte tocar

Passa a ser inexistente.

E os vestígios de vida

Vive na memória da gente.

12

A morte faz parte da vida,

Não podemos evitar.

Morremos cada dia um pouco,

Sem medo, vamos amar.

E nos entregar num abraço

Até a morte chegar.

Claudia Pinheiro
Enviado por Claudia Pinheiro em 23/08/2022
Código do texto: T7589220
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