De prosa com o nosso folclore
Mula sem cabeça eu já vi
Isso nunca foi invenção
Basta olhar para os lados
Vai ver mulas de montão.
As do bem que zelam da mata
E as do mal, verdadeiras maldição.
Já vi também um menininho
Que sai aprontando numa perna só.
Juro bem juradinho que vi sim
E desse daí eu tive dó;
Corria, pitava, fazia um auê
Tinha muito bicho para socorrer.
Eu vi quando combinava uma treta
Com um rapazinho de cabelo vermelho espetado;
Um plano surgia ali, tenho plena certeza!
Estava sendo tudo bem arquitetado.
Fiquei na espreita, não queria passar por mentiroso
Vi quando os dois correram, cada um foi pro um lado.
Não demorou muito tempo, eu vi;
Todo fogo da mata foi apagado.
Vi quando aquela jacaroa gigante saiu da mata reclamando;
Chamando o bicho homem de tudo que é nome.
-Se acalma Dona Cuca! Disse a dupla infalível.
-Já botamos pra correr esse bicho infame!
Ela muito vaidosa, agradeceu aos amigos
E voltou desfilando como uma madame.
Medo eu tive mesmo
Quando dei de cara com o tal boitatá;
Uns diziam que era só uma cobra grande;
Mas eu que vi posso falar.
Tinha muito mais que dez metros
A maior protetora do lugar.
Ai de quem não acredita;
Vai morrer sem conseguir respirar.
Mas eu nunca vi bicho mais ruim e covarde
Do que o tal bicho homem!
Outro dia eu estava de prosa
Com meu amigo Lobisomem;
Nem ele acredita que um dia foi um deles
Morre de desgosto o coitado, por isso que some!
Ele andou me contando uma prosa
Eu meio que duvidei.
Falou que viu umas ovelhas desgarradas
Sem o meu amigo Negrinho do pastoreio.
Prosa essa sem pé nem cabeça
Nunca vi esse dai fazer nenhuma trapalhada!
Outro dia mesmo vi quando convocava uma reunião
Corri para me inteirar dos assuntos a tratar
Ouvi direitinho quando o Negrinho do pastoreio falou:
-Não temos escolha! Vamos ter que matar!
Como não sou bobo nem nada, me escondi
Não estou aqui para nada testemunhar!
Mas tenho aqui pra mim, que naquela reunião,
Tinha alguns infiltrados, com certeza!
Ouvi quando todos se manifestaram
E foram contra tanta malvadeza!
O Saci foi um deles, desconfiado soltou uma baforada e disse:
-Não gosto do bicho homem, mas matar não é da minha natureza!
Foi aí que percebi o tamanho da encrenca
A mata está queimando, o rio está secando
Há quem duvida, santa ignorância!
Tem gente na floresta matando.
Meus amigos estão lá, protegendo, pastoreando, afugentando
Mas com o bicho homem não há lenda que supere tanta ganância!
Ah, meu amigo!
Neste nosso grande Brasil, de tudo tem,
Não há como negar.
Tem Crendices e histórias bonitas
E gente boa que quer preservar.
Tem também o falso pastoreio
Que infiltrou dizendo pertencer aquele lugar
Me resta ficar aqui na grande torcida
E junto com meus amigos, quero cuidar
Matas e florestas brasileiras, mais bonitas não há!
Água doce, vai muito além mar!
Eu ouvi direitinho meu amigo boto falar.
Você também pode ouvir
Basta cuidar e saber escutar!