O canto do irapuru
O jovem Catuboré,
Com sua flauta encantada,
Querido de toda moça,
Quis Mainá por namorada.
Com ela ia se casar,
Já tinha data marcada.
Mas perto do grande dia,
Catuboré foi pescar.
Deixou a tribo em agonia,
Pois demorou pra voltar.
Saindo em sua procura,
Não demorou encontrar.
À sombra de uma árvore,
Sem vida, foi encontrado.
Certa cobra venenosa
Tinha de fato o picado.
E alí naquele lugar
Ele ficou sepultado.
Desolada, Mainá
Passava as horas chorando.
A alma de Catuboré
Seguia se lamentando.
Pediu a ajuda de Tupã,
Pois não estava aguentando.
Deus Tupã lhe atendeu:
E sua alma transformou
No pássaro irapuru,
De belo canto o dotou.
Ouvindo seu lindo canto,
Bela Mainá se alegrou.
Irapuru, ainda hoje,
A todos nós contagia.
Tem amor por outras aves
E sua beleza irradia,
Lembrando Catuboré
E sua doce melodia.