A Morte de Pereira
A Morte de Pereira
Quem não conheceu Pereira
Caboclo sério sisudo
Começou na lida cedo
Trabalhou em quase tudo
Era muito inteligente
Apesar de pouco estudo
Pereira cresceu sozinho
Era garoto acanhado
Ainda adolescente
Foi morar em outro Estado
Aos poucos desenrolou
E voltou desenrolado
Sempre manteve o foco
Respeito e honestidade
Por onde passou deixou
Dez por cento de saudade
Só por quê nunca foi tanto
O seu grau de amizade
Nunca foi namorador
Por ser tímido e acanhado
Mas de vez em quando ele
Se pegava apaixonado
E entre um amor e outro
Sofrer foi o seu legado
Pereira era daqueles
Que com muita intensidade
Se entregava pro amor
Com muita seriedade
Fazendo tudo pra ser
Companheiro de verdade
Entre vinte e vinte um
Aflorando a mocidade
Conheceu uma mulher
Pra sua felicidade
Com carinho ele a chamava
De minha Karametade
Quando Pereira pensou
Que estava tudo bem
Sentiu o peso da força
Que a falsidade tem
E de lá pra cá Pereira
Jurou não amar ninguém
Pereira também foi um
Caboclo que conquistou
Por ele teve mulheres
Que sofreu e que chorou
Mas nunca foi por engano
Que ele nunca enganou
Pereira sempre viveu
Do suor que cai do rosto
Trabalhou de sol a sol
Sempre foi muito disposto
Depender de alguém pra ele
Seria o maior desgosto
Não era por ter orgulho
Sim pra ser independente
Depender do seu trabalho
Trabalhar constantemente
Levar a vida lutando
Sem se achar impotente
Sem ter estudos Pereira
Encontrou dificuldades
Não teve oportunidade
De entrar nas faculdades
E assim foi se sentindo
Vítima das desigualdades
Além de tudo Pereira
Tinha o dom de ser poeta
Pra ele tudo era verso
Um verdadeiro profeta
Em cada poema seu
Uma mensagem direta
Na arte ele encontrou
Uma luz especial
Alimento pra sua alma
Riqueza espiritual
Só faltou para Pereira
Um apoio cultural
Pereira ralou bastante
E penou muito na vida
Levantou de cada tombo
Pra curar cada ferida
Lutando com paciência
Para não ter recaída
Apesar de ser sisudo
Era mole o coração
As vezes com pouca coisa
Se enchia de emoção
E pras coisas do amor
Ele nunca foi durão
Se os brutos também amam
Como diz a tal canção
Pereira mais uma vez
Cai nas garras da paixão
E se casa com Tereza
Moça de linda feição
Pereira por onde andava
Era muito conformado
Dizia pra todo mundo
Que estava apaixonado
Que no jogo do amor
Tinha sido premiado
Fazia versos pra ela
Poemas também canção
Em cada palavra dita
Era uma declaração
Às vezes nas horas vagas
Dedilhava o violão
E assim passava o tempo
Do amor se desfrutando
Tereza correspondendo
O bem se multiplicando
Parecia até novela
Os dois se enamorando
Mas como nada é perfeito
Tinham as complicações
De vez em quando os dois
Caiam em discussões
Mas não demorava muito
Para a chuva de perdões
Tereza vinha de um
Casamento fracassado
Onde passou muito tempo
Vivendo sem ter amado
E sem receber carinho
Feito pássaro engaiolado
Encontrou no novo amor
Um passo pra liberdade
Pereira também achou
A sua felicidade
Por quê o amor dos dois
Era um amor de verdade
Uma união perfeita
Um casal abençoado
Pra onde Pereira ia
Sempre ia acompanhando
E Tereza não saia
Sem levar o seu amado
Mas tudo que é bom acaba
Como se fosse ilusão
E o ex marido dela
Fazia perseguição
Por quê não se conformava
Com a tal separação
Vez por outra aparecia
Somente pra provocar
Pereira mantendo a calma
Para não descontrolar
Enquanto o ex de Tereza
Prometia se vingar
Certa vez Pereira foi
Pelo o tal surpreendido
O cara surgiu do nada
Tava num canto escondido
Quando Pereira notou
Já tinha sido ferido
Com os gritos de Pereira
Tereza chegou correndo
Ele olhando para ela
Meu amor estou morrendo
Se despediu com te amo
E já foi esmorecendo
E assim covardimente
Não pôde contra-atacar
Ali mesmo ele morreu
Sem ninguém pra lhe ajudar
E morreu sem dever nada
O seu erro foi amar.
Diosmam Avelino- 10/05/2022