NÃO HÁ MESMO SENTIDO PARA VIDA.
Nós buscamos pra nossas vidas fuga.
Assim nós inventamos religião.
Sem sentido, e fora da razão.
Que somente alimenta sanguessuga,
que os pobres de seu dinheiro enxuga.
Crenças, cultos diversos: cafarnaum
que não nos levam a lugar algum.
Morte, o fim de toda pessoa nascida.
Não há mesmo sentido para vida.
Precisamos, porém, inventar um.
Sinagogas, igrejas e mesquitas.
Entidades são criadas: Baal, Rá, Deus,
Manitu, Javé, Wotan, também Zeus,
pra deixarem as pessoas bem aflitas.
Guerras entes cristãos, xiitas, zunitas.
Sacrifícios que são feito a ogum
Tem os que se apegam a oxum.
Pois nos foi outra vida prometida.
Não há mesmo sentido para vida.
Precisamos, porém, inventar um.
Falar contra é muito perigoso
Por trás disso rola muito dinheiro
O poder que há no mundo inteiro
Já se queimou até quem era famoso.
Joana D’Arc o caso mais tenebroso.
Não cometeu pecado ela nenhum.
Pensar foi seu pecado: incomum.
Queimaram-na, estupraram, foi comida.
Não há mesmo sentido para vida.
Precisamos, porém, inventar um.
Guerra Santa, Cruzada, Inquisição,
Terrorismo, tudo pra agradar Deus.
Não importa qual crença: se de Zeus.
Mata-se gente sem qualquer razão
Só por não professar religião.
Muitos não cometeram crime algum
Terrorismo virou coisa comum.
Praticado por grupo homicida.
Não há mesmo sentido para vida.
Precisamos, porém, inventar um.
Acho que nenhum Deus é verdadeiro.
Inventados iguais a Dom Quixote,
Zaratustra, Dionísio, Lancelote.
Serve para opressão, poder, dinheiro.
A Igreja não quer qualquer herdeiro.
Papa vive opulência incomum.
Estuprar em Boston ficou comum.
Padres faziam da igreja sua bastida.
Não há mesmo sentido para vida.
Precisamos, porém, inventar um.
Criam-se Deus, os pecados, opressão,
Sacrifícios, os dízimos, as penas,
Pro perdão de pecados: cantilenas.
Inventaram também a comunhão
Para se receber faz confissão.
Candomblé tem seu ritmo o adarrum,
que é pro santo logo baixar num
pai-de-santo que faz a sua acolhida.
Não há mesmo sentido para vida.
Precisamos, porém, inventar um.
Na Irlanda anos e anos de guerra
Pessoas a se matar por religião,
Pela crença em um Deus, sem razão.
Paraíso promete não na Terra.
Mas o pobre do povo que se ferra;
Briga, morre e motivo tem nenhum.
Com promessa de ver tal olorum
Quando da vida se for em partida.
Não há mesmo sentido para vida.
Precisamos, porém, inventar um.
Mas se há briga entre religiosos,
É somente por causa dos seus ritos
E nem tanto por causa dos seus mitos,
Incentivo vem dos mais poderosos
Que se acham os mais bem venturosos.
A surata, torá, e mais algum,
Que não nos levam a lugar nenhum,
mas proíbem bebida e comida.
Não há mesmo sentido para vida.
Precisamos, porém, inventar um.
HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO
NOVEMBRO/2007