AS AVENTURAS AMOROSAS DE UM CABRA ARRETADO
Meu cordel quer te contar
De forma bem competente
Dos fatos acontecidos
Porque és inteligente
Sou cabra desse Nordeste
E conto pra toda gente.
Amancebado pra frente
Com cinco pensei viver
Ouçam bem isto que conto
E nisto compreender
Nunca quis um casamento
Não pensei jamais sofrer.
Isto posso percorrer
Abertamente falar
Falo daquela primeira
Que me fez lhe conquistar
Mas, teve tão pouco tempo
Deixe querer explicar.
Depressa me fiz juntar
Com a primeira mulé
Então, durou tão bem pouco
Como gole de café
Gostava tanto da moça
Num pouco tempo de fé.
Na vida dei pontapé
Novo fazendo loucura
Já rapaz bem taludinho
Sem topar tanta frescura
Nunca quis ser abestado
Nem ver criar amargura.
Desta primeira tontura
Nasce tão formosa filha
Quarenta dias apenas
Ela chegando na trilha
Com quase quatro dezenas
Seu meigo gestual brilha.
Todo romance é ilha
Que nos faz ser responsável
Para viver aventura
De maneira mais saudável
A vida nos prega coisas
Por vez até intratável.
Com esta mulher amável
Filho nós nunca tivemos
Por falta de tentativa
Nunca que nós saberemos
Também por tão pouco tempo
Até que sobrevivemos.
Jamais nós compreendemos
Dos mistério que passamos
Nunca tarde pros consertos
De colo necessitamos
Que fazer na despedida?
Só fracassos enfrentamos.
As relações nós ligamos
Vamos correndo direto
Eu vou falar da terceira
Que me deu gentil afeto
Uma filha nos chegou
Este tão lindo projeto.
Nada se faz no concreto
No processo curtição
A filha quando nasceu
Satisfaz meu coração
Por motivos separei
Sem trocarmos comoção.
De repente sensação
Com outra no meu caminho
O xodó chega ligeiro
E ganhei tanto carinho
Até o momento vivo
Construindo bom cantinho.
Este é o meu benzinho
Que vivo prosperidade
Já temos é duas filhas
Que fazem tanta bondade
Às vezes tem confusão
Mas em nós só tem saudade.
Na nossa sociedade
Há milhares duma crença
Dizem que nós precisamos
Do padre pra dar a bença
Eu que nunca me casei
É bom que nunca se vença.
O ser humano repensa
E sempre ter aconchego
Andar de braços bem dados
Sem nunca pedir arrego
Pois, esta quarta mulher
É a ponte do sossego.
Cresce por demais apego
E nós estamos vivendo
Com tantos beijos e brigas
Os netos estão nascendo
O lar precisa reparo
E você desconhecendo.
Sempre vou me submetendo
As coisas do casamento
Sempre fiel ser Cristão
Em todo qualquer momento
Mas, nossa carne é fraca
Nos trai todo sentimento.
Um casal tem sofrimento
E ninguém vai traduzir
Vivendo com suas leis
E tanto pra permitir
Quando nascem nossos filhos
Amor vem te possuir.
Amor podemos sentir
Nas situações vividas
Só quatro lindas mulheres
Também tantas despedidas
Me lembro duma primeira
Um filho pras nossas vidas.
Tantas noites mal dormidas
Minha mulher que contou
Ela não soube das minhas
Nem sequer do que passou
O cabra tem argumento
Um disfarce me pegou.
Experiência faltou
Falo sem ter ignorância
Sei do que é ser mulher
Toda fiel importância
O tempo responde sempre
Faltava ter elegância.
Em qualquer da circunstância
Os homens sofrem, enfim
Por tudo que nós fazemos
O casal nunca tem fim
Eu quero sempre viver
Naqueles tempos do sim.
Nada pouco satisfaz
Qualquer cabra pula fora
Às vezes por aventura
Às vezes indo simbora
O casal vivendo dramas
Dentro donde tudo mora.
Conversam chegam na tora
Tantas delas sem limites
O cabra fica tristonho
Sem se servir dos palpites
O tempo é testemunha
Sem precisar dos rebites.
A doença traz artrite
Nós ficamos só sorrindo
A mulher boa que tive
Na certa vive mentindo
Gosto de ter liberdade
Algo bom logo surgindo.
O que se vai permitindo
Em momentos atrapalha
Vivo querendo ser bom
Pra não levarmos cangalha
O bem me quer e deseja
A bondade nunca falha.
É água que cai da calha
Dando piques de ciúme
E saio do lar feliz
Usando forte perfume
Sou paquerador do mundo
Dando luz pro vagalume.
Relação é grande cume
Tantas delas são fracassos
Viver é nosso tempero
Flores beirando os passos
O chamego é tão bom
No ritmo dos compassos.
Sofrem pobres e ricaços
Numa tal melancolia
Outras não querendo nada
Tantas delas putaria
Já dei meus pulos lá fora
Colhendo sã alegria.
Bela viagem faria
Vou na casa da vovó
Que tem vizinha legal
Quase não desata nó
No romance sou bem forte
Deixei de ser um bocó.
Sem pensar fumar boró
Ir direto Fortaleza
Da quarta pulei pra quinta
Na moça tanta beleza
Nunca dei papel passado
E não sou de malvadeza.
Termino com a certeza
Este cordel brasileiro
Contando minhas virtudes
Do mancebo ser herdeiro
Eu gostei de todas elas
São cinco, meu companheiro.