O pobre e o rico no boteco
Quer ouvir uma boa prosa
Eu vou dar o endereço
No botequim da esquina
A conversa não tem preço
Quem é pobre fica rico
E o rico fala aos tropeços.
O pobre tropeça as pernas
Rico Tropeça as palavras
O pobre pede desculpas
E o rico faz ressalvas.
Os dois tropeçando juntos
Os efeitos da cachaça.
O pobre só bebe pinga
O rico, uísque do bom
Chega logo um violeiro
E ligeiro acerta o tom
Abaixa o nível da prosa
Sobe o volume do som.
Conversa pra boi dormir
Causos de assombração
Do fulano da esquina
Da mina, do Ricardão...
Tudo que é tipo de prosa
No boteco, é diversão.
Em meio ao som da viola
O pobre, saudoso, chora
Degustando cada gole
O rico, finge ser forte
Mas disfarça, paga a conta
Pega o carro e vai embora.
O pobre, desatinado
Pede para anotar
Pois só na próxima semana
Ele volta pra pagar
E toma uma saideira
Pois o bar já vai fechar.