Encontro de amigos

Já ouvi e contei histórias

De amigos que brigaram,

Mas após desentendimentos

Por amor reconciliaram.

Até de bons amigos que

Com mesma mulher casaram.

Causos de amigos são tantos

De diversas situações

Que quem me escuta tem

Também suas recordações.

Eu ainda carrego umas

De arrebentar corações.

Para não delatar mais,

Vou relatar meu dilema:

O papo de quatro amigos

Que nunca saiu no cinema,

Mas agora ganha vida

Ao ilustrar meu poema.

Eram de falar de tudo:

Fosse religião ou vigília,

De namoro a futebol,

Do interior a Brasília.

Num assunto não tocavam,

Sabe qual era? Família.

Mas como dizia Confúcio:

Tudo na vida se vai.

Nem tudo que desce sobe,

Mas tudo que sobe cai;

A relação encurtou

Quando cada um foi pai.

E pais muito orgulhosos,

Tenho certeza, não acho,

Sempre falando dos filhos

Chegava abanar o penacho.

Era uma alegria sem fim

Por terem filhos só machos.

O advento da internet

Reaproximou o pessoal,

Gerou criação de grupos

Pra bate-papo legal.

Houve muitos reencontros

Pela rede social.

Certo dia pela manhã,

Keler foi surpreendido

Pra a um grupo se juntar.

Estava ali o pedido:

Graças ao wahtsapp

Foram os amigos reunidos.

Pra Keler aquele pedido

Foi uma convocação.

Ficou disposto, incluso,

A pedir uma reunião.

Que essa não demorasse,

Deu logo tal sugestão.

No velho kiosk da praça

Para a saudade matar,

Ali sempre brincaram,

Era um sagrado lugar.

No dia marcado, Keler

Foi o derradeiro a chegar.

“Mas como tá diferente!

Chega nos olhos ter brilho!”

Em coro os três disseram,

Pareceu até estribilho.

“tema de nossa conversa:

Vamos falar só de filhos!”

“Para que falar dos filho”

Pôs-se Keler a queixar:

“Tão pouco sabemos deles,

Em tudo vou acreditar!

Aproveitemos o momento

Pra de outras coisas falar”!

“Gosto de falar do meu!”

Pois está bem sucedido,

Filho melhor nunca vi,

Também é ótimo marido.

Para mais me alegrar,

Casou com baita partido!”

Assim falou Catimbó,

Satisfeito e bem contente:

“de vendedores de carros

Meu menino é gerente,

Para seu melhor amigo

Deu um carro de presente”.

“meu sonho sabem qual era!”

Começou a falar Sansão.

Agora começo a ver

A minha realização:

Meu filho já gerencia

Empresas de aviação”.

“muito bem relacionado,

Bons amigos e padrinho,

Cercado de mulheres,

Nunca ficará sozinho.

A seu melhor amigo

Presenteou com um jatinho”.

“Keler, por que está triste”

Foi perguntando Beto.

“pode falar de seu filho,

Não precisa ser discreto.

Tenho um filho doutor,

Hoje grande arquiteto”.

“vive pegando mulher,

Seu apelido é Perigo.

Se brigar com a esposa,

Encontra logo um abrigo.

Já presenteou um casa

Para seu melhor amigo”.

“Melhor ficar em silêncio!

Tenho certeza, meus parsas.

Se quem escuta, não gosta,

É só ter calma, disfarça,

Vou perguntar pra vocês:

Somos amigos ou comparsas!”

“O meu filho também tá famoso!

Que estudou eu não sei,

Diz que ganha muito bem,

Mas nunca lhe perguntei.

Sei que dança em boates,

Tô sabendo que é gay!”

Por minutos só silêncio,

Depois risos, gargalhadas,

Até a Keler contagiou,

Chega caiu na risada.

“vocês estão bem apressados.

Esperem o fim da piada!”

“ele tem casa decente,

Vive bem, sem perigo.

Já tem carro e jatinho.

Escutem bem o que digo:

Jatinho, casa e o carro

Foram presentes de amigos!”

Zé Osmar
Enviado por Zé Osmar em 05/07/2022
Código do texto: T7553048
Classificação de conteúdo: seguro