Sertão - idas e vidas
E nessas fases de verão eu cantarei
Na doce espera de um novo amanhecer
Escuto o gado e a sanfona reluzente
Vejo a aurora e o clamor daquela gente
Os versos rimam como rima o sabiá
No mês de junho não se esquecem das fogueiras
De prosa boa os compadres já dão conta
Na inocência da criança que apronta
Os dias passam como passa a garoa
Os olhos choram como noiva no altar
Nessa estrada o transporte já passou
Passou nestante com os parentes de vovô
É nas doçuras de outrora que reflito
É nas cantigas de vovó que me inspiro
Na correria dessa vida que não volta
Eu mato a cobra e mostro o pau e toda prova
E lá no céu as estrelinhas brilham tanto
E cada canto vê o canto que lhe agrada
E da janela de Teresa se vê tudo
Sussurra o vento como touro em vaquejada
E na ladeira a garotada vem sem freio
Dona Maria já aprontou o seu café
A flor do cacto hora ou outra desabrocha
Em romaria preparada já vem o povo de fé
Por que que falam do sertão numa tristeza
Se aqui também passa o charmoso arco-íris
Pra essas bandas também chove e relampeia
De mal e bem também somos atingidos
Fui no rio e o cavalo estava lá
Andei- corri e o chinelo não quebrou
As criações conviviam em harmonia
Será meu Deus, será hoje o meu dia?