MYTHOS

      A MITOLOGIA GRECO/ROMANA RECONTADA

   (numa pretensão cordelística).

 

INTRODUÇÃO

 

Antes de tudo era o caos.

É assim que se inicia

Este pretenso trabalho

Que eu, na minha ousadia,

Penso fazê-lo. Diverso

Do que se faz dia a dia.

 

É um trabalho que trata

De deuses – Mitologia,

Onde o Mito representa

A verdade e a fantasia

Que a nós mortais transmite

Uma espécie de euforia.

 

Faz um pequeno resumo

De como os deuses viviam:

Da sua imortalidade,

De como eles se sentiam

Em relação aos mortais,

De como estes reagiam.

 

De início, fala do Caos

Que Érebo e Noite gerou.

Seguindo, numa sequência

De tudo que se criou

Segundo a Mitologia.

E os seres que nomeou.

 

Fala de deuses famosos,

De semideuses também;

De mortais que imortalizam

Pela ligação que têm

Direta com algum deus

Do qual adquirem o bem.

 

Fala das lutas constantes

Nas quais está sempre alguém:

Um herói que nada teme

E que ao seu lado tem,

Por vezes, um deus que ajude,

Quando a necessitar vem.

 

Fala de deuses traídos

E das suas traições;

Do que eles são capazes.

Das deusas – das reações

Que: quanto mais poderosas

Mais duros seus corações.

 

Começando pelo Amor:

Eros – o amor-paixão,

Passando por Júpiter/ Zeus

Chega a Juno / Hera, então.

Depois, de Ceres/Deméter

Mãe do cavalo Arião.

 

Em seguida vem Plutão:

Hades – deus do submundo;

Netuno ou Poseidon,

Do Oceano profundo.

E Vênus ou Afrodite:

O belo representando.

 

E aí, Minerva / Atená

Que só de Júpiter nasceu,

Vulcano / Hefestos, que Hera,

Ou Juno, só, concebeu;

Mercúrio / Hermes, que é filho

Bastardo de Maia e Zeus.

 

Vem Apolo, deus da Luz,

Filho de Zeus e Latona

E Diana, sua irmã

Que, Artemis também se chama.

Depois Baco, o deus do vinho

Que do Inferno a mãe retoma.

 

Em seguida vem o Marte

Ou Ares – o deus da guerra

Seguindo, bem te pertinho,

Por Heracles, que encerra

Um trabalho resumido

Dos ‘’deuses’’ aqui na Terra.

 

 

ANTES DE TUDO ERA O CAOS

 

Antes de tudo era o Caos:

A massa uniforme e rude

Sem calor, sem claridade,

Sem ideia de altitude,

Misturou-se Mar e Terra

Numa briga sem virtude.

 

É uma luta constante:

Do frio contra o calor;

Da umidade contra a seca,...

Até que um ordenador,

Um deus que emergiu do Caos,

Foi o harmonizador.

 

Porém ficou, para sempre,

Como um fogo de monturo,

A centelha do conflito

Que atinge aos inseguros

Seres gerados do caos

Que intervêm no futuro.

 

O MYTHOS E AS

DIVINDADES PRIMORDIAIS

 

 A ORIGEM DE TODAS AS COISAS

 

 

Lá no princípio, era o Caos

Que Érebo e a Noite gerou.

Da Noite, Éter e Luz do Dia.

Depois, Terra e o Deus do Amor:

Eros, que domina a todos,

Desde o escravo ao senhor.

 

A Terra, matreiramente,

Um ser para si criou:

O Céu que, cheio de estrelas,

A cobriu e iluminou

E aos deuses, como base

Segura, ela o ofertou.

 

Para morada das deusas

No mundo, também criou

Altas e belas Montanhas.

Belas moradas tornou

Montes e vales aos quais

Com as Ninfas povoou.

 

O mar infecundo, Pontus

De vagalhões, furiosos

Sem ter ajuda do Amor

Mas, com as sensações e gosos

Dos braços do Céu, gerou

Oceanos turbilhosos.

 

 

  Os turbilhões mais profundos

 

Assim eram nominados:

Céo, Crios, Hepérion,

Vindo sempre acompanhados

De: Lápeto, Téia, Réia...

E mais alguns pesquisados:

 

A Tênis, a Minemósine,

A Febe (que é coroada

De ouro), a amável Tétis

De simpatia dotada.

Eis os turbilhões bravios!

Porém isto ainda é nada.

 

Depois deles, veio Cronos,

O caçula. O mais temível!

Ele odeia o próprio pai

Nada respeita. É horrível!

Logo seguidos dos Cíclopes

Com violência terrível.

 

São eles: Brontes, Estérope,

Argés, de alma brutal!

Este é semelhante  aos deuses

Quase que no seu total

Não fora o seu único olho

Que faz diferencial.

 

Ele é portador de força,

Destreza, e grande vigor

Que compõe todos seus atos

E o faz sempre um vencedor,

Só perdendo para Ulisses

Quando o seu olho furou.

 

Outros três filhos geraram

O Céu e a Terra unidos

Coto, Briareu e Gias,

Que, de orgulho possuídos,

Portam em si grande força

Mas quase desconhecidos.

 

A Noite gerou a Morte

E a negra Quere gerou.

Gerando também a Tánatos.

Ao sono, a Noite engendrou,

Engendrou também, sozinha

Os sonhos que a povoou.

 

Gerando, também, Sarcasmo

E Aflição, a dolorosa;

As Hespérides, guardiãs

De personagens famosas:

O grande e ilustre Oceano

De ondas maravilhosas!

 

E os belos Pomos de ouro

Com as árvores que os oferecem

Nas suas ramas viçosas

Em que ele, viçosos, crescem

E serão oferecidos

Q quem acham que merecem.

 

 

EROS /AMOR

 

POBREZA(PÊNIA) E RECURSO

 (POROS)GERAM O AMOR(EROS)

 

O Olimpo está em festa

Com os deuses a farrear,

É a chegada de Afrodite

Que estão a comemorar.

É a deusa do Amor que nasce!

Alegres, eles têm que estar!

 

Mas, eis que, no fim da festa,

Surge ali na porta alguém

Faminta e a mendigar

Algo pra comer. É quem?!

A Pobreza, Pênia! Mas

Algo mais forte a detém.

 

E antes mesmo que possa

Esboçar qualquer ação

Para dirigir-se à mesa,

Alguém lhe chama a atenção:

Poros, o Recurso, bêbado,

Tombando, quase indo ao chão.

 

E o filho da Prudência

Se afasta dos imortais,

Joga-se ao jardim de Zeus

E em pesado sono cai.

Pobreza, pensando rápido,

Um filho lhe subtrai.

 

É Eros, o Amor, gerado

Do Recurso com a Pobreza

No dia do nascimento

Da bela Afrodite, a deusa

Do amor, assim fica sendo

Sempre servo da Beleza.

 

 

A herança de Eros

 

Herda, da mãe, a carência

E o destino de andarilho;

Do pai, coragem e energia.

Decidido, segue o trilho

Da Beleza e da Bondade,

Ávido que é por seu brilho.

 

Não é mortal nem imortal.

É uma herança que ele traz.

Ora germina, vivendo;

Ora morre. E o que é demais:

Em seguida, ele revive!

Com o que herdou de um dos pais.

 

Marcado pela carência

Que da sua mãe, herdou,

Não é um sábio, porém,

Pelo saber tem amor.

E o deus do Amor filosofa!

Transcendendo ao que herdou.

 

 

JÚPITER / ZEUS

 

     (Seus dons:Proteção, Disciplina, Justiça)

 

 

JÚPITER, O FILHO DE CRONOS E RÉIA

 

Olhos pregados no escuro

Do Mundo, já sem dormir,

Vive Cronos! Só pensando

No que irá lhe advir.

Se Gaia profetizou!

Não poderia impedir.

 

Um dos seus filhos seria

O seu real sucessor.

O seu trono usurparia.

Irado, Cronos ficou.

Depois de planos e tramas

A solução encontrou.

 

Bem confuso e temeroso,

De repente, estremeceu!

Lá dentro da sua mente

Uma luzinha acendeu.

Sem nada dizer a Réia,

Tomou-lhe o filho e comeu.

 

Era o seu primeiro filho

Com Réia. Outros viriam!

Porém, da pobre mamãe,

Nenhum carinho teriam!

Porque ao covarde Cronos

De alimento serviriam.

 

 

A decisão de Réia

 

Réia já estava cansada

E muito infeliz vivia.

Queria salvar seu filho

Que ali no ventre trazia!

Procurou a sábia Gaia

Que um plano lhe traçaria.

 

E no momento do parto,

O seu jeito faz valer!

Réia ilude a vigilância

De Cronos vai se esconder

Nos densos bosques de Creta,

Onde Zeus veio a nascer.

 

E enquanto Gaia, a Mãe Terra,

Numa caverna acolhia

Em seus braços o menino,

Réia pra casa corria,

Temendo a fúria do esposo

Mas vibrando de alegria!

 

Cronos poderia vir

A tomar conhecimento

Da trama que preparara!

Porém naquele momento

O amor ao filho é maior

Que tudo!  Lhe dando alento

 

Além de lhe dar coragem

Para prosseguir. Então:

Réia, sem titubear,

Pega uma pedra no chão,

Enrola-a e entrega-a a Cronos

Que a engole de supetão.

 

 

Cumpre-se a promessa de Gaia

 

A mãe de Zeus suspirou

Pelo alívio que sentiu:

Salvara o filho da morte.

Entretanto, garantiu

O selo da Profecia

Que a mãe Gaia proferiu.

 

Pois esta, profetizando,

Dissera que em próximo dia,

O último filho de Cronos

Seu reinado tomaria

E, para sempre, no trono

Do mundo se instalaria.

 

E a profecia cumpriu-se:

Zeus, ao crescer, se aliou

Aos seus irmãos e aos monstros

Que dos Infernos tirou,

E, na partilha do Mundo,

Dono de um saber profundo,

O Céu e a Terra herdou.

 

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O homem tem que ser justo e racional

 

É Zeus quem ensina aos homens

O caminho da razão

 

E que é só através da dor

Que estes conseguirão

Chegar ao conhecimento

Verdadeiro. Mas, terão

Que fazê-lo pessoalmente!

Pois Ele a tudo consente,

Sem tomar-se de emoção

 

Não que Ele fique impassível.

Mas que, para ser possível

Ao homem uma ascensão,

Este terá que seguir

Seu caminho sem ferir

A Justiça e a Razão.

 

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JUNO / HERA

 

(Personificação do elemento

fundamental da família)

 

JUNO ESPOSA JÚPITER(ZEUS)

E REINA NO OLIMPO

 

Muito criança inda era

Quando a mãe, Réia, a deixou

Aos cuidados de Tétis

E das Horas, por amor,

Pois, de Saturno comê-la,

Tinha, em verdade, pavor!

Já que a todos, menos Zeus,

Seu marido devorou.

 

E distante do perigo,

Como seu irmão, cresceu.

Um dia, no esconderijo,

A visita recebeu

Dele, do seu irmão Júpiter

Que, em si, é o mesmo Zeus:

Senhor do Olimpo e da Terra

Que ao pai, em luta, venceu.

 

E juntos confabularam

Durante horas e horas,

Lembrando o triste passado

E prevendo coisas vindouras

Que lhes trariam alegrias

E espantariam o que ora

Nublavam-lhe os belos olhos.

De Hera(Juno), que chora.

 

 

Júpiter está apaixonado

 

Juno está-se sentindo

Feliz junto ao seu irmão!

Porém este, apaixonado,

Faz-lhe uma declaração

De todo amor que nutria

Por ela – grande paixão

Á qual ela, temerosa

De ser mais uma, diz não.

 

Júpiter (Zeus), inconformado,

Usou as táticas do amor,

Todas que ele conhecia

Por ser galanteador,

Porém Juno rejeitava,

Achando-o um conquistador

"barato". Zeus, com o poder

De agente transformador:

 

Tornou-se um cuco, e assim,

Como um pássaro friorento

E triste, foi visitar

A irmã que, no momento

Que o viu, enterneceu-se

E lhe ofereceu alento

Aquecendo-o nos seus seios,

Como, dele, era o intento.

 

 

Juno é violentada por seu irmão

que repara a falta cometida

 

Quando Juno percebeu

Que tinha sido enganada

Já era tarde demais!

Já fora violentada.

Aí, pede ao seu irmão,

Desolada, envergonhada,

Que ele limpe-lhe o nome.

Sendo a falta é reparada.

 

É que, imediatamente,

Zeus a ela prometeu

O que ele mais queria:

Casar. E isso se deu

Com uma bela cerimônia

Durante a qual ocorreu

Presença em massa dos deuses.

Bons presentes recebeu.

 

 

Juno recupera sua virgindade

e ganha um trono de ouro

 

Quando do término da festa,

O casal se retirou

Para uma noite de núpcias

Que muito tempo durou:

Trezentos anos terrenos.

Mas quando a deusa chegou,

Entrou na fonte de Cánatos,

Em Náuplia, e virgem ficou.

 

Logo em seguida no Olimpo,

Com o esposo foi morar

Ficando ao lado de Zeus

Onde este iria reinar

Qual Senhor absoluto!

Por ser esse o seu lugar,

Sentada em trono de ouro

Que herdou ao com Zeus casar.

 

 

CERES / DEMÉTER

 

(Deusa da fertilidade da terra,

das colheitas e da civilização )

 

A CONQUISTA

 

Netuno, com olhar divino

E doces juras de amor

Perde-se olhando as tranças

De Ceres, que o rejeitou.

 

Suas súplicas e ofertas

Em nada, nada, abalava

Ceres, a filha de Cronos

E Réia, que o rejeitava.

 

A tudo ela respondia

Com a fuga e o silêncio,

Deixando o apaixonado

Em um sofrimento imenso.

 

Entretanto, Poseidon,

O deus dos mares, não aceita

A recusa de Deméter.

O não dela ele rejeita.

 

A perseguindo entre hortas,

Pomares que ela vigia.

E esta, para escapar-lhe,

Por égua se passaria.

 

Com um bando de cavalos

Que pastavam por ali,

Deméter se misturou

Para a Netuno iludir.

 

Porém Poseidon, esperto,

Logo, logo descobriu!

Transformando-se em cavalo,

A Ceres, então, se uniu.

 

 

A mágoa de Ceres

 

Isso magoou a deusa,

Que o Olimpo abandonou.

Abandonando seus pares

Para carpir sua dor.

 

Do nectar e da ambrosia

Que com eles partilhava,

Ceres, pois, se desfazia.

E nada dali levava.

 

Desta forma, pela Terra

Ela passou a espargir

Sua ira, o seu furor,

Sem ver quem iria ferir.

 

 

Ceres purifica-se

 

Cansada porém de agir

De forma tão diferente

De si mesma, ela decide

Deixar de agir mal pra sempre.

 

E os seus gestos irritados

Um dia ela abandonou

E lançou-se às águas do rio

Ladão, que a purificou.

 

Pois as águas desse rio

Tinha o precioso poder

De fazer mágoas, vergonhas,...

Tudo!... desaparecer.

 

E o ódio a Posseidon,

Ali, Deméter deixou!

E limpa, purificada!

Ao Olimpo retornou.

 

 

Os filhos de Netuno e Ceres

 

Mas, dentro de si, do deus,

Dois filhos Ceres levou:

A menina, cujo nome

Poeta algum registrou.

 

O outro filho: um cavalo

Ao qual chamou Arião,

Que falava e que previa

O futuro - bom ou não.

 

...

E na crina do seu filho,

Negra, bela, luzidia!

Quando agitada ao vento,

A doce Deméter via

A lembrança da união

Sem glória ou satisfação,

Que a fez sofrer um dia.

 

 

Revisto em julho/2022