DESAFIO POÉTICO EM SEXTILHA
DESAFIO POÉTICO
Sextilhas: Juciana Miguel & Heleno Alexandre
Juciana:
Heleno tá me chamando
Para fazer um duelo
Sei que ele é bom poeta
Mas é pequeno é magrelo
Se sair do improviso
Vai ficar só o farelo
Heleno:
Eu posso ser amarelo
Ter a cara de cachorro
Ser bandido na favela
Mendigo no pé do morro
Mas pra poetisa fraca
Nunca corri e nem corro
Juciana:
Eu nunca pedi socorro
Nem morrendo vou pedir
Porque tenho meu orgulho
Nada vai me impedir
E a fábrica de fazer verso
Sempre é pronta pra sair
Heleno:
Eu não vou lhe corrigir
Pois sei que não vale apena
É polêmica como Anitta
Chorosa igual Madalena
Você tem a língua grande
Mas no repente é pequena
Juciana:
Eu posso até ser pequena
Mas conheço meu lugar
Eu não faço pé quebrado
E nem verso sem rimar
Sou pequena no tamanho
Não venha subestimar
Heleno:
Mas devia se calar
Sabendo que eu não apanho
Quem me desafia assim
No repente leva um banho
Seu tamanho não é nada
Comparado ao meu tamanho
Juciana:
Você é só um estranho
No amblo do cantadores
Querendo ser repentista
Ter poemas, ter valores
Mas só é correspondido
Por eles nos bastidores
Heleno:
Os maiores escritores
Desaprovam seu trabalho
O único livro que fez
Até o prefácio é falho
Tudo que você escreve
Não passa dum quebra galho
Juciana:
A verdade eu escancalho
Seja aqui ou lá na China
Você faz até uns versos
Mas nada que me fascina
Só não tem é a voz boa
Muito feia e muito fina
Heleno:
A minha voz desafina
Mas dá pra se entender
Quando falo em seu ouvido
Na hora do "vamos ver"
Quanto mais afino a voz
Mas você sente prazer
Juciana:
Pois saiba que meu prazer
É fácil de observar
Quando escuto sua voz
Na hora do sussurrar
Peço a Deus: Oh Pai do céu
Não quero mais escutar
Heleno:
Você fala sem provar
E depois que tiver provado
Vai ficar tão explosiva
Ouvindo o meu sussurrado
Que é capaz de detonar
Quem convive do seu lado
Juciana:
Quem vive aqui do meu lado
Não precisa nem saber
Dessa loucura que fiz
Mas no verso vou dizer
Você sabe fazer verso
Só não sabe dar prazer
Heleno:
Você só me viu fazer
Versos e se encantou
Imagine se soubesse
O grande leão que eu sou
Iria querer provar
Do grande prazer que eu dou
Juciana:
Se cantando fraquejou
Se glosando é pé quebrado
Se na rima, já não rima
Não sabe nem dedilhado
Imagine em outras coisas
Já deve ser um finado
Heleno:
Já estou meio acabado
Mas não duvide de mim
A mulher que duvidou
Lhe dei um gás e no fim
Ela se arrependeu
Nunca mais falou assim
Juciana:
Com o gás tão caro assim
Imagino o que se deu
Velho como você tá
Quis dar uma de plebeu
Trouxe o gás, ascendeu fogo
Na hora o fogo morreu
Heleno:
Esse é um engano seu
E num claro português
Se eu ficar com você
Respondendo seus porquês
Lhe deixarei satisfeita
Por uns dois meses ou três
Juciana:
Você pode ser burguês
Ser bom esposo, bom pai
Ser um ótimo repentista
Ganhar grana quando sai
Somente naquelas horas
Faz de tudo, mas não vai
Heleno:
Sou esposo que não trai
Mas negar fogo, não nego
Aos instintos femininos
Não resisto e me entrego
Até você que é fraca
Se der bobeira eu lhe pego
Juciana:
Uma coisa que não nego
Sua esposa confirmou
Por trás dessa sua máscara
Um garboso que lacrou
Tem uma Tammy Miranda
Que comeu e não gostou
Heleno:
Transexual não sou
E nunca vivi no armário
E se tiver dúvida disso
Marque o dia e o horário
Que eu vou fazer uma coisa
Que dispensa comentário
Juciana:
Já imagino o cenário
A mente já captou
Eu esperando uma coisa
Que você diz que amou
Da hora do "vamos ver"
Nada se manifestou
Heleno:
Foi o que você pensou
Mas descobriu que não é
Ao me ver daquele jeito
Disse: agora eu boto fé
E já tá contando os dias
Pra vim aqui em Sapé
Juciana:
Vou já fazer um café ☕
Que Matias vai chegar
Esse sim da resultado
Tem coisas pra me ofertar
Ao contrário de você
Nada tem, não pode dar
Heleno:
Ah se pudesse ir tomar
Esse café que é de lei
Iria querer mais coisas
Fazer do jeito que eu sei
Pra você dizer a todos
Que "naquilo" eu sou um rei