Chefs da alma
Juntam-se todas as letras
E trocam todas de lugar
Mexendo num requentar
Deem asas as borboletas
Brancas, lilases ou pretas
Misturam-nas ao infinito
Não preciso ser negrito
Assim a panela da mente
Se chama; há um reinvente
Porque tudo já foi escrito.
Tempere uma frase feita
Troque o unívoco da rima
Coloque pimenta por cima
Sal pode deixá-la perfeita
Como plágio não é aceita
Misturam-nas ao infinito
Não preciso ser negrito
Mexa bem; sê prudente
Mesmo que a apimente
Porque tudo já foi escrito.
Já o amor é o maior mote
São tantas as explicações
Poetas são mesmo bobões
Repetem o tempero: anote
E remexe de novo o pote
E mistura-o com o infinito
Não preciso ser negrito
Ajunta um pouco de mel
Estica e iguala com o céu
Porque tudo já foi escrito.
Mas é gostosa a mistura
Pois é a receita da poesia
É coisa que nunca esfria
Delícia de fragrância pura
Leve, sem nada de gordura
É um estômago do infinito
Degusta silêncio e o grito
Poetas são chefs da alma
Que a imaginação acalma
Mas... Tudo já foi escrito.
Uberlândia MG