A HISTÓRIA DE PEDRINHO
Texto – Flavio Alves
Criado pelo vovozinho Vicente, o personagem Pedrinho, vive uma infância ao lado do seu cachorrinho chamado totó, onde nesta aventura, vive em um engenho chamado Carambola. O menino deseja morar na cidade grande, para poder ler e escrever. E graças ao senhor Gino, um senhor de vida bucólica, e a professora Esperança, ele consegue todos os seus objetivos.
Criançada fique atenta
Na história que vou contar
É a história de Pedrinho
Menino muito exemplar
Que querendo aprender ler
Viu sua vida mudar.
Pedrinho era filho único
Morava num certo engenho
Numa casinha de taipa
Feita com muito empenho
Encontrou um vira lata
Deu-lhe o nome de caribenho.
Ele encontrou caribenho
Trazido pelo destino
É que houve uma chuvarada
Pra sorte deste menino
Alagando a região
Onde morava seu Gino.
Seu Gino era o dono
Do cachorro caribenho
Que tinha mais cinco cães
Morando no mesmo engenho
O velho vivia sozinho
Com o papagaio jardenho.
O papagaio jardenho
Era o seu melhor amigo
Que avisava ao velho
Quando havia perigo
Se alguém se aproximasse
Começava o alarido.
Numa noite de lua cheia
No escuro da madrugada
Foi por ali se aproximando
Uma grande onça pintada
O velho Gino tava dormindo
Com a porta escancarada.
Jardenho que observava
A onça se aproximando
Foi gritando acorda Gino
Uma onça está chegando
Fecha logo aquela porta
Escuta o que estou falando.
Os cachorros acordaram
E começaram a latir
Nesse exato momento
Gino deixou de dormir
Deu um pulo da cama
Ligeiro feito um quati.
Acenderam a lamparina
E espantou a escuridão
Os cachorros continuaram
Latindo na direção
Daquela onça pintada
Que sumiu na contra mão.
Obrigado louro jardenho
O velho Gino agradecia
E aos cinco cachorros
Amigos do dia a dia
O tempo foi clareando
Com a brisa leve e fria.
Fazia mais de seis meses
Que caribenho tinha fugido
Mas o Gino não esquecia
Daquele antigo amigo
Procurava noite e dia
E voltava deprimido.
Voltando a falar de Pedrinho
Em junho choveu bastante
Já estávamos em dezembro
E o natal mais adiante
Pedrinho adorava caribenho
E isso era importante.
Caribenho latia muito
Na sua nova casinha
O coitado todo molhado
Faminto e só osso tinha
Seu avô aceitou o bicho
Colocando-o na cozinha.
Um pano limpo e sequinho
Enxugou o cachorrinho
Arroz com caldo de carne
Servia ao coitadinho
Quando foi no outro dia
O cão estava bonzinho.
Quando Pedrinho nasceu
Sua mãe não resistiu
De parto ela morreu
E seu pai também partiu
Foi criado pelo avô
No interior do Brasil.
Seu Vicente tinha um roçado
Vendia coisas na feira
Plantava milho e verduras
E ainda macaxeira
Não sabia ler direito
Somente uma besteiras.
O pouco que ele sabia
Ensinava ao Pedrinho
O menino interessado
Absorvia tudinho
Conhecia o alfabeto
Graças ao vovozinho.
Pedrinho disse ao avô
Agora quero juntar
As letras eu já conheço
Só preciso soletrar
Vou aprender a ler
E mais tarde me formar,
Com oito anos de idade
Nunca foi numa escola
Era longe a cidade
Do engenho Carambola
Ele tinha que estudar
E acabar com a demora.
Um certo dia seu Gino
Na estrada ia passando
Escutou alguns latidos
E ficou se perguntando
Será que é o meu cachorro?
E já foi se aproximando.
Ô de casa! Ô de casa!
Na porta ficou batendo
O vovô senhor Vicente
Já foi logo atendendo
Eu procuro meu cachorro
Pedrinho ficou tremendo.
Ele se chama totó
Esse é o nome que dei
Desapareceu de casa
E faz cinco e mais um mês
Escutei alguns latidos
Por isso me aproximei.
O velho senhor Vicente
Quando já ia falar
Padrinho se aproximou
E começou a implorar
Não leve o meu cachorrinho
E começou a chorar.
O Gino ficou comovido
Com o Pedrinho chorando
Foi falando tenha calma
E ficou logo observando
O cachorro era totó
E o rabo foi balançando.
Totó meu totozinho
Como vai o meu querido
Totó lambia seu Gino
Reconhecendo o amigo
Pedrinho que observava
Se sentia entristecido.
Eu que cuidei do caribenho
Esse nome eu coloquei
Tinha fome e muito frio
Por isso eu o ajudei
Não leve ele de mim
Pois dele me acostumei.
Quando jardenho o papagaio
Ouviu o menino falar
Voou do ombro de Gino
Para um outro lugar
O papagaio assim dizia
Deixe o cachorro ficar.
Continuava ele falando
E circulando ao redor
Gino tem cinco cachorros
E o menino vive só
E o melhor que Gino faz
É deixar Pedrinho com totó.
Pedrinho ficou feliz
E deu um lindo sorriso
O Gino ficou parado
Assim um tanto inibido
Escutou o papagaio
Aceitando o ocorrido.
Saiu dali satisfeito
Se despediu do seu Vicente
Deu um abraço no Pedrinho
E estava também sorridente
Dali surgiu uma amizade
Que durou eternamente.
O nome de caribenho
Pedrinho deixou de lado
Só chamava de totó
O seu animal estimado
Considerando o senhor Gino
Seu novo amigo adorado.
Pipa, pião e bola de gude
Era o que Pedrinho brincava
Não havia vídeo game
Nem internet, nem nada
Era época das antigas
E brinquedo ele inventava.
Seus carrinhos de madeira
O vovô sempre fazia
Às vezes era de lata
E o menino agradecia
À tarde ia pescar
E totó sempre o seguia.
Um dia o velho Gino
Visitou vovô Vicente
Não era dia de feira
Com o sol ainda quente
Perguntou pelo Pedrinho
Que não estava presente.
Respondeu senhor Vicente
Ele saiu com totó
Falou que ia pescar
É um menino muito só
Só fala em estudar
E não tem coisa melhor.
Mas professor aqui não tem
E também não tem escola
A cidade é bem distante
Do engenho Carambola
Leitura também não tenho
Como ajuda-lo nessa hora?
Gino disse a seu Vicente
Minha casa é na cidade
Meu filho tem dezoito anos
E já está na faculdade
Escolheu a medicina
Pra ser doutor de verdade.
Em casa eu só vou mesmo
Duas vezes por mês
Sou sargento aposentado
E vivo como camponês
Também sou velho viúvo
E nesse engenho me instalei.
A cidade é muito boa
Mas tem muita poluição
E o ar desse engenho
Faz bem ao meu coração
Por isso saí da cidade
Foi minha esse opção.
Deixei meu filho Rogério
Com minha irmã Esperança
É uma velha solteirona
Que dá aula pra criança
É muito religiosa
E ajuda toda vizinhança.
Se o senhor permitir
Pedrinho eu posso levar
Vai morar com minha irmã
E começar a estudar
Assim todos os seus sonhos
Irão se realizar.
Neste exato momento
Pedrinho ia chegando
E com grande alegria
O final foi escutando
Pois ele tinha certeza
Pra vencer só estudando.
E agora vovozinho
Seu Gino pode me levar?
Assim perguntou Pedrinho
Com o coração a pular
Pode sim meu neto amado
Aqui não deves ficar.
Uma coisa me preocupa
Disse depressa Pedrinho
Não posso levar totó
Meu querido cachorrinho
Mas eu cuido do animal
Respondeu o vovozinho.
O senhor vai ao roçado
E se põe a trabalhar
E o totó aqui sozinho
Ele não deve ficar
Se seu Gino cuidar dele
Aí eu posso confiar.
Quando eu tiver uma folga
Da minha primeira escola
Visitarei meu cachorrinho
Venho sem muita demora
Mas quero ler e escrever
E conquistar essa vitória.
Quando foi no outro dia
Seu Gino na porta estava
Na casa de seu Vicente
E Pedrinho esperava
Ia morar na cidade
Como sempre desejava.
Dois cavalos chamados
Ricão e Zé pintadinho
Aguardavam no terreiro
O viajante Pedrinho
Olha a hora! Vamos embora
Dizia seu Gino com carinho.
Despediu-se do totó
E do vovozinho Vicente
Seguiram a caminhada
E o sol já estava quente
Por um verde canavial
Felizes e sorridentes.
Oito horas de caminhada
Do engenho pra cidade
Descansavam pela estrada
Observando as paisagens
Davam água aos cavalos
E seguiam a viagem.
A meiga tarde se despedia
E o crepúsculo ia caindo
Com o céu avermelhado
Estrelas iam surgindo
Faltando só mais uma hora
Pra o momento divino.
Dezoito horas o momento
Quando em casa chegaram
Esperança irmã do Gino
Foi logo cumprimenta-los
Abraçou o tal Pedrinho
Dizendo vou ensiná-lo.
Tomaram um belo banho
Foram à mesa jantar
Esperança muito feliz
Não parava de conversar
Elogiava o Pedrinho
E Gino se pôs a falar.
Esperança é minha irmã
Será amiga professora
Amanhã devo voltar
Gosto mesmo é da lavoura
Estarei com o seu avô
E minha santa protetora.
Seu Gino voltou ao engenho
Deixando o garoto na cidade
E com o avô de Pedrinho
Sacramentou grande amizade
Um velho cuidava do outro
Para total felicidade.
O tempo passou depressa
E o menino se formou
Era agora um advogado
Pra orgulho do seu avô
Vinte e seis anos apenas
Tinha um anel de doutor.
Os três estavam velhinhos
Gino, Vicente e Esperança
Porém todos satisfeitos
Em ajudar uma criança
Graças a três fatores
Fé, amor e perseverança,
O engenho Carambola
Agora era esquecido
Todos viviam na cidade
Rodeados de amigos
Moravam num casarão
Bonito e bem construído.
E pra você que não sabia
Pedrinho bem grandalhão
Media um metro e oitenta
E deu asas ao coração
Namorava uma tal de Aline
E morria de paixão.
Pedrinho noivo a quatro anos
Você pode acreditar
Fazia belíssimos planos
Para quando se casar
E estava faltando pouco
Pra tudo se realizar.
Foi assim que terminou
Lá naquela região
A história de Pedrinho
Vivida com emoção
Isto guardo na lembrança
Ou guardo no coração.
Adeus minhas crianças
Levem consigo a mensagem
Vencer depende de nós
E é preciso ter coragem
Sabendo que há um Deus
- Com muito amor e bondade.
Flávio Alves – Fone 81-985872546
flavioactor@gmail.com