VELHICE ADOENTADA

VELHICE ADOENTADA

Do que eu vou dizer aqui

Muita gente é testemunha

Mesmo se eu falasse antes

Sei que ninguém se opunha

Pois para o bem da verdade

Vivi minha mocidade

Sem sentir dor "nem na unha".

E fazia de um, tudo,

Jogava bola, corria,

Trabalhava no roçado,

Subia serra e descia,

Tinha coragem de sobra

Fazia qualquer manobra

Enfado nenhum sentia.

Comer? Comia de tudo

Sem nenhuma restrição

Cuscuz, macaxeira, bolo

Doce de leite ou mamão

Comida salgada ou doce

Carne por gorda que fosse

Sempre fazia um pirão.

Fumava fumo de corda,

Bebia uma cachacinha

Por cima do meu comer

Botava molho, a "graxinha"

Comia tripinha assada,

Mocotó, charque, rabada

Não dispensava farinha.

Hoje não sou mais tão novo

Já tenho uma certa idade

Não tenho a mesma euforia

Que tinha na mocidade

A doença hoje me oprime

Me obriga a fazer regime

Meu alimento é vontade.

Eu que não sentia nada

Vivia feito um peralta

Hoje tenho diabetes,

Colesterol, pressão alta

Me bastou envelhecer

Mais fácil mesmo é saber

Qual doença é que me falta.

Até o ganho de peso

Hoje me faz companhia

Eu que sempre fui magrelo.

Parece até ironia

De casa pra os hospitais

Sem contar que tomo mais

De dez remédios por dia.

Muitos dizem que a culpa

Por me encontrar nesse estado

É da alimentação

Que tive lá no passado

Não sei se é minha crença

Mas penso que a doença

Só busca ter um culpado.

Se foi ou não alimento,

Vivo uma vida regrada

A medição de pressão

Insulina, caminhada

Tive um passado festivo

Hoje vivo depressivo

A velhice adoentada.

Ednaldo Alves

@Ednaldoalvescordelista

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Ednaldo Alves
Enviado por Ednaldo Alves em 07/06/2022
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