ALMA DE POESIA
Tem coisas que eu só confesso
Pra quem é de poesia
Pra quem tem mente avoada
Cabeça na fantasia
Um povo sentimental
Que vive de maresia
É que eu sou muito sensível
Bem boba, lesa, brisada
Sou crédula e romântica
Tanto quanto abobalhada
Choro por qualquer motivo
Sou lerda e atrapalhada
Pra vocês digo a verdade
Isso não é fictício
Pra quem é de poesia
Ser aluado é um vício
Mas só posso confessar
Pra quem gosta do ofício
Sou tonta e emocionada
Direção, não tenho senso
Sou meio desaprumada
O equilíbrio, dispenso
Insegura, rôo as unhas
Quando tudo fica tenso
Pra outros, eu finjo ter
Juízo e maturidade
Parece que sou um poço
De equilíbrio e seriedade
Acho graça se acreditam
E pensam ser de verdade
Não é sinal de saúde
Já foi dito aí pra gente
Tentarmos nos ajustar
À sociedade doente
Pois além de fazer mal
É nada inteligente
Por isso, me desajusto
Pra manter a sanidade
Me desligo do real
Com muita facilidade
Ou trato de embelezar
Essa tal realidade
E um dia viro poeta
Bebendo só poesia
Enchendo a cara de verso
De alimento, alegria
Regurgitando poema
E soluço de melodia
Mas só confesso a vocês
Pois senão, é covardia
Eu só falo pra você
Que conhece a maestria
Pois tenho os meus pés no chão
E a Alma na Poesia!