ALMA DE POESIA

Tem coisas que eu só confesso

Pra quem é de poesia

Pra quem tem mente avoada

Cabeça na fantasia

Um povo sentimental

Que vive de maresia

É que eu sou muito sensível

Bem boba, lesa, brisada

Sou crédula e romântica

Tanto quanto abobalhada

Choro por qualquer motivo

Sou lerda e atrapalhada

Pra vocês digo a verdade

Isso não é fictício

Pra quem é de poesia

Ser aluado é um vício

Mas só posso confessar

Pra quem gosta do ofício

Sou tonta e emocionada

Direção, não tenho senso

Sou meio desaprumada

O equilíbrio, dispenso

Insegura, rôo as unhas

Quando tudo fica tenso

Pra outros, eu finjo ter

Juízo e maturidade

Parece que sou um poço

De equilíbrio e seriedade

Acho graça se acreditam

E pensam ser de verdade

Não é sinal de saúde

Já foi dito aí pra gente

Tentarmos nos ajustar

À sociedade doente

Pois além de fazer mal

É nada inteligente

Por isso, me desajusto

Pra manter a sanidade

Me desligo do real

Com muita facilidade

Ou trato de embelezar

Essa tal realidade

E um dia viro poeta

Bebendo só poesia

Enchendo a cara de verso

De alimento, alegria

Regurgitando poema

E soluço de melodia

Mas só confesso a vocês

Pois senão, é covardia

Eu só falo pra você

Que conhece a maestria

Pois tenho os meus pés no chão

E a Alma na Poesia!

Leila Lima
Enviado por Leila Lima em 20/05/2022
Reeditado em 09/03/2023
Código do texto: T7520009
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