A PAGA NÃO É DOS HOMENS

Eu sou aquele romântico

Que gosta de conversar,

Que escuta casais na mesa

Que só precisam falar,

Pôr pra fora o sentimento

Ou partes do pensamento

Fora ou té dentro do lar.

Eu sou aquele romântico

Que ouve muito moribundo,

Desarvorado, tristonho,

O rico, o pobre iracundo,

Funcionário desgostoso,

Porque muito precioso

É o sentimento no mundo.

Eu sou aquele romântico

Que conta histórias de amor,

Que acredita na paixão

Mesmo estando em dissabor,

Porque vejo na criança

Tanto sonho, que a esperança

Vem lutar em meu favor.

Eu sou aquele romântico

Que não guarda seu segredo,

Que elogia a mulher bela,

Porque dela não tem medo

Tal qual o particular

De algum sonho singular

Escondido no penedo.

Eu sou aquele romântico

Que viaja à madrugada,

Procurando algum resquício

Na pessoa mal amada

De sonho, esperança boa,

Afinal, cada pessoa

É um universo com fachada.

Eu sou aquele romântico

Que não quer ver despedida,

Que acredita na constância

Nas nuances desta lida,

Que o perdão faz diferença

E muda toda a sentença

Que é imposta pela vida.

Eu sou aquele romântico

Neste mundo tão mudado

Em que a preferência está

No dinheiro acumulado,

Enquanto acumulo o amor

Para ser um sofredor,

Contudo, bem laureado.

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 19/05/2022
Código do texto: T7519525
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