A PAGA NÃO É DOS HOMENS
Eu sou aquele romântico
Que gosta de conversar,
Que escuta casais na mesa
Que só precisam falar,
Pôr pra fora o sentimento
Ou partes do pensamento
Fora ou té dentro do lar.
Eu sou aquele romântico
Que ouve muito moribundo,
Desarvorado, tristonho,
O rico, o pobre iracundo,
Funcionário desgostoso,
Porque muito precioso
É o sentimento no mundo.
Eu sou aquele romântico
Que conta histórias de amor,
Que acredita na paixão
Mesmo estando em dissabor,
Porque vejo na criança
Tanto sonho, que a esperança
Vem lutar em meu favor.
Eu sou aquele romântico
Que não guarda seu segredo,
Que elogia a mulher bela,
Porque dela não tem medo
Tal qual o particular
De algum sonho singular
Escondido no penedo.
Eu sou aquele romântico
Que viaja à madrugada,
Procurando algum resquício
Na pessoa mal amada
De sonho, esperança boa,
Afinal, cada pessoa
É um universo com fachada.
Eu sou aquele romântico
Que não quer ver despedida,
Que acredita na constância
Nas nuances desta lida,
Que o perdão faz diferença
E muda toda a sentença
Que é imposta pela vida.
Eu sou aquele romântico
Neste mundo tão mudado
Em que a preferência está
No dinheiro acumulado,
Enquanto acumulo o amor
Para ser um sofredor,
Contudo, bem laureado.