O Matuto e o Aivião
Autoria de João Carvalho de Queiroz: irmão de Cristóvão de Chapada. A todos os caros leitores faço saber que tenho plena autorização de meu irmão para apresentar esse cordel escrito em uma linguagem matuta. Segundo nossos ancestrais, existia povos de uma simplicidade e humildade tamanha e que pronunciavam essa linguagem. Esse fato se deu com nossos parentes mãe tios e nossa avó: em meados do século XX, e meu irmão descreveu em forma de versos nesta linguagem matuta. É só para descontrair. Boa leitura
O Matuto e o Aivião!
Oi qui eu tava mimlembrano,
Dos bom tempos que eu vivi;
Das coisa boa da vida,
Dos bom tempos qui vivi.
Mai digo pra ramincê; q
Qui nunca vou mim insquecê;
Ahh do atraso qui eu crisci.
Poi tinha medo de tudo,
Caiquer coizinha era assombro;
O coração dava tombo,
Sem falar ficava mudo
Só ficava assossegado,
Se tivesse do meu lado;
Pai mãe irmão e tudo.
Mai né qui num certo dia;
Prumode a má situação
A casa tava num puro,
Chamei Buxim meu irmão,
Dixe a ele num cuxicho;
Vamo vê quem mata um bicho,
Pra noi cumer cum feijão?
Saimo ali pulo o mato,
Sem mede de si perde
Mai moço, daí pra pouco
Só vimo a terra tremer;
Num baruião disgraçado;
Oiei pro mano assumbra e dixe.
Buxim noi vai é correr.
Sapequemo serra a baxo
Nem ne deus noi tina fé;
Na carrera noi gritava
Mim inspera jão, corre Zé,
Foi um trabaio de louco;
Peda gravatá garrancho e touuco,
Quebremo tudo nos pé.
Fumo discubrino a casa;
Já ia cai mai num cai,
E fumo gridano...mãe!
Óia o bicho adondim vai;
Nisso mãe saio na porta;
Fei na testa unha cruz meia toita;
E gritou... Jesus ti atai.
Lá num quarto tava o soutro
Tremendo pra se acabar.
Umbuquemo dibaxo da cama
Eles tava sem insperá;
Sortaro um grito assumboso;
E um bundun má cheroso,
Tumou conta do lugá
Foi medo dimai seu moço
Foi grande a assumbração;
Tava tudo amedrontado
Cano chegou um cidadão;
Que dixe, caima negrada;
Cá quilo né bicho nada,
É o taille do aivião.
Cum a cunvessa do moço
nosso coração se acaimou
Ele dixe, aquilo é um transporte,
Qui Santo Drumonte inventô
Pra carregá passagero, do Brasí pra os instrangero
Eita cabra de valô.
Já vice, caise qui morro assumbrado
Prumode o baruio di um aivião: eta caba mole danado né sôôô!