Com fome de que?
Nunca bote fogo na paiada
Espanca a natureza, pisa boiada
Corre os bichos pela mata
Escorre as lágrimas da cachoeira
Queima pau seco, na capoeira
Morre o bicho vivo, morre aroeira
Perde o homem, perde a figueira
De queimada, morte inteira na debandada,
A guerra contra o fogo
Os bichos correm para água.
Salve se quem puder
Quem puder que ajude
Nunca inspire amiúde
Essa fumaça tamanha
Mata a paca, mata a aranha
Pedi chuva, o sertanejo chora
Tenta nunca ir embora
Deixar essa terra Brasilis
Pra qualquer jean willis
Deixa de tolice cabra safado
Sai do serrado, vai pra planície
Deixa a paiada molhada
Toda terra cultivada
Pro plantio preparada
A terra, semente com adubo
O agro que é o forte do alimento
Nutre aldeia, o gado e o mundo
Ser humano desatento
Desarruma a mãe terra amada
Do hino mãe gentil
Filho desordeiro inadequado
Atrapalha o ciclo, a roda da vida
E o progresso, a fome, mata a mata.