COBRA CORÁ
Eu fui arrancá minhoca
Mordi para mim pescá.
Intoncis vistei um pau podre,
Cheinho de mandaruvá
Eu juguei o pau na cacunda
Fui pro poço do ingá.
Numa mão pegava o pau
Na outra a vara di pescá.
Sinti friagi na nuca,
Nem deu pra discunfiá.
Mas logo sinti a picada,
'Pescoço dueu a daná.
Ieu joguei o pau no chão,
Ai queu vi a cobra corá.
Pisei na cabeça dela,
E despois danei a chorá.
Pensava que ia morrê,
Cu trem quela dexô lá.
Intoncis vista apagô,
Cumecei a me tuntiá.
Eu drumi inté no otru dia,
Sonhei ca cobra corá.
Acordei sintino nada,
Fui in casa discançá.
Muié viu na nuca,
Tem nada murdido lá.
Foi só o gaio do pau,
Cismô di mim arranhá.
Chorei foi di dó da cobra,
Pru que qui fui matá?
Dismaiei de puro medo
Susto da cobra corá