Medo
Caótico mundo, atitudes estranhas,
Inusitado comportamento humano,
O medo que sobe pelas entranhas,
Toma de assalto meu pensar insano,
Olhares assustados de quem caminha
O frio percorrendo minha espinha,
Somos vítimas de nós mesmos, mano!
Dramática a vida que se assanha,
Nos esconderijos do engano,
Embrenhados como teias de aranha,
Teando aos olhares de um decano,
Façamos do medo a grande linha,
Tênue embriaguês da nossa vinha,
Só assim nos salvaremos, mano!
Saramago, no auge da sua sanha,
Expôs o Ensaio e o medo ao Vaticano,
Fritaram-lhe suas obras feito banha,
Cobriram-nos o caos com o pano,
Pois a aversão tenebrosa desalinha,
Sofrem pai, mãe, filhos e madrinha,
Diante do desânimo mental humano.