Medo

Caótico mundo, atitudes estranhas,

Inusitado comportamento humano,

O medo que sobe pelas entranhas,

Toma de assalto meu pensar insano,

Olhares assustados de quem caminha

O frio percorrendo minha espinha,

Somos vítimas de nós mesmos, mano!

Dramática a vida que se assanha,

Nos esconderijos do engano,

Embrenhados como teias de aranha,

Teando aos olhares de um decano,

Façamos do medo a grande linha,

Tênue embriaguês da nossa vinha,

Só assim nos salvaremos, mano!

Saramago, no auge da sua sanha,

Expôs o Ensaio e o medo ao Vaticano,

Fritaram-lhe suas obras feito banha,

Cobriram-nos o caos com o pano,

Pois a aversão tenebrosa desalinha,

Sofrem pai, mãe, filhos e madrinha,

Diante do desânimo mental humano.

Sérgio Russolini
Enviado por Sérgio Russolini em 15/04/2022
Código do texto: T7495676
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