ASTRO-REI DO UNIVERSO

Por Gecilio Souza

Foi-se embora o Verão

Com a chuva que caía

Agora é outra estação

O Outono se inicia

E o Sol de prontidão

Do seu trono se irradia

Dissipando a escuridão

Começo de um novo dia

Surge lá detrás do monte

Que beleza de horizonte

Fantástica coreografia

Gigantesco lampião

Fonte de toda energia

Ilumina a imensidão

Governa com tirania

Vitamina e insolação

Uma mata a outra cria

Deixa alguma região

Inóspita de tanto fria

Outra infértil a céu aberto

Como exemplo o deserto

Onde a vida se atrofia

Absoluta dominação

Força alguma o desafia

Revigora a vegetação

Faz a selva ser sadia

Conforme a ocasião

Ele castiga ou alivia

Sua térmica comunicação

A própria selva anuncia

Pela fotossíntese reduz

A intensidade da luz

Que o astro-rei envia

Sua sideral amplidão

Preocupa a geometria

A ciência desde então

Vive buscando uma via

De melhor compreensão

Desta solar hegemonia

Faz ousada excursão

Com base na teoria

Que o Sol é um rei excelso

Soberano do universo

Em longeva monarquia

Desde a constituição

De toda essa engenharia

Do vento até o trovão

Tudo lhe reverencia

Mas há gente sem noção

Que só possui a mania

De se achar sabichão

Sem saber astronomia

Perante a grandiosidade

Quer explicar a complexidade

Com crença ou numerologia

O Sol é a representação

Da mais nobre cortesia

Iluminou o suposto Adão

E sua Évica companhia

De acordo com a religião

Aqueceu a estrebaria

Onde o arquétipo cristão

Nasceu da jovem Maria

Este caso é controverso

Rei-Sol manda no universo

E o resto é fantasia

O Sol não faz distinção

De raça ou genealogia

Nem de cor nem de função

De credo ou ideologia

Está nas obras de Platão

E em sua filosofia

Ponto de reflexão

Metáfora e analogia

É Logos, fogo e devir

Faz o homem investir

Dinheiro em alta quantia

Astro-rei é um caldeirão

Efervescente maestria

De gases em combustão

Sem filtro ou refinaria

Induz à transformação

Transforma com autonomia

Converte tudo em carvão

Se invadir sua cercania

O luzeiro incandescente

Quinze mil graus de quente

A terra é sua periferia

Rei-Sol não tem coração

Nem amor nem simpatia

Jamais faz bajulação

Governa por simetria

Impera sem interrupção

Ele é a máxima autarquia

Que ignora a condição

Linhagem ou hierarquia

Seu domínio é total

De alcance universal

Tem potência e primazia

O Sol ilumina o chão

E o ecossistema aprecia

Sem fatura e sem talão

Ele molda a economia

É gratuita a concessão

Que a todos beneficia

Aquecer é sua intenção

Veta toda estrepolia

A noite é alternativa

Para a Terra seguir viva

Do contrário se arderia

O Rei-Sol tem sua canção

Em silente melodia

Cada noite é um refrão

Que entoa a sintonia

Com toda a constelação

De encantadora magia

Mantém-se na direção

Astro-rei segue na guia

Não retrocede ou recua

Empresta sua luz à lua

Ao mundo inteiro vigia

Astro-rei é solução

Para a escura travessia

Contestá-lo é em vão

E incorre na teimosia

Quem precisa do bastão

Agradece a serventia

Caminha com precisão

O sol lhe dá assessoria

Este luzeiro potente

Tem alcance abrangente

Símbolo da sabedoria

Astro-rei é um paredão

De vida e necrofilia

Não há reconciliação

Ele queima e propicia

Uma certa combinação

Calor e também ventania

O homem por especulação

Lhe reproduz e copia

Neste aspecto o astro-rei

Institui a própria lei

Conosco fez parceria

G. S.

Oiliceg
Enviado por Oiliceg em 10/04/2022
Código do texto: T7492419
Classificação de conteúdo: seguro